Humanidade distraida
Humanidade distraída
Por. Pe. Jorge Ribeiro
www.pjribeiro.blogspot.com
jorgeribeiroribeiro@gmail.com
As pessoas vivem na correria, distraídas e absortas em milhares de possibilidades e preocupações e a própria vida passa e nem se dá conta direito. Essa falta de busca de sentido e de significado leva muitos à uma distração que às vezes é confundida com busca de direitos e exigências, sem as devidas responsabilidades. A humanidade caminha quase errante, uma celeuma que afeta de modo generalizado, onde os acontecimentos parecem não mais surpreenderem, ainda que chocantes ou aberrantes ou extraordinários. A humanidade está perdendo a capacidade de se maravilhar e isso leva à mesmice à distração. Passa-se por tantas descobertas e aventuras e tudo é encarado e encaixado como coisas normais, naturais e essa maneira de lidar acaba relativizando tudo, até o que é essencial. Qual o verdadeiro significado da nossa existência? Qual o valor que tem a vida mesma e as ações que praticamos? Mas para que pensar nisso? Filosofia não enche barriga e não dá felicidade. Para que pensar nessas coisas futuristas quando tem a questão do armamento da população a discutir? Para que pensar em razão para viver quando a violência destronca e ceifa vidas sem pedir licença? Refletir essas coisas é mania de intelectual e gente que já tem tudo. Muito mais fácil ser massa de manobra ou tratar a população com gado no curral, pode-se manipular e conduzir leis favoritistas e decisões que beneficiam os próprios executores com maior facilidade quando ninguém se rebela, ninguém reclama e ninguém diz que existe outra forma de encarar a realidade. Vamos discutir o que mais aflige a humanidade quando muitos não tem comida, moradia e direito à saúde? Mas se não se pensar quem vai solucionar essas chagas? Com tantas feridas e tantas carências, a busca se reduz a uma solução imediata. Por isso charlatões nas áreas de medicina, religião e cosméticos para dar uma resposta rápida e eficaz a essas urgências. As pessoas querem resolver seus problemas econômicos sem trabalhos, ai a droga, a prostituição, a corrupção, o jeitinhos nas soluções entre outros; as pessoas querem se curar sem esforço e perseverança: procuram uma fórmula mágica para se safar dos problemas, daí a procura de pessoas e instituições que prometem uma pronta superação dos entraves. No próprio relacionamento de fé, facilmente se perde em normativas e regras a cumprir, esquecendo-se que a adesão de fé é esponsal, intima, pessoal com Deus e que se abre à comunidade. A fé distraída é reduzida aos estereótipos das manifestações religiosas ou cai no vazio de significado. A vida distraída é como vagão de trem, ela é arrastada sem saber onde desemboca. Sobreviver é se deixar levar pelas engrenagens e amarras do destino, iludindo-se nos devaneios e futurismos, mas viver é escolher todos os dias ser você mesmo, ainda que exija a renúncia do querer ser para ser o que realmente se é. Parafraseando um livro que clamava por mais reflexão, convidando o povo a ler mais Platão e tomar menos Prozac, digo que o destino da humanidade é colher o hoje e buscar melhora-lo e diminuir as distrações pelos sonhos que provocam a negação de si e a fuga da responsabilidade. Costumeiramente dizemos que o homem é um ser social, racional, livre, dotado de capacidades, mas o homem é também um ser parasita e distraído.