A Velhice de Davi (I Reis 1.1-6)
I Reis começa dizendo que, sendo o rei Davi já velho, cobriam-no de roupas, porém não se aquecia. A idade chegou para o grande guerreiro, e ele já mal podia sobreviver sem ajuda. A velhice nos ensina o quão fracos e dependentes nós realmente somos. Avançarmos em idade e perceber as nossas forças e saúde declinando deve nos fazer lembrar que, no fim das contas, somos apenas pó. A debilidade física, mesmo aquela temporária, vinda de doenças, gravidez, acidentes, etc., pode ser um grande bem para a nossa alma se nos conduzir à humildade. Força e saúde são uma ilusão, que se vão rapidamente, como um sopro. Até o rei Davi, em toda a sua glória, precisou de ajuda. Portanto, nos dias de fraqueza, devemos aprender, e nos dias de força, nunca nos esquecermos da nossa fragilidade.
Uma das formas da fragilidade física nos ensinar a humildade é nos lembrar que sempre devemos estar abertos a receber ajuda, mesmo quando nos sentirmos fortes. Eclesiastes nos ensina que melhor é serem dois do que um, porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante.
Lembre-se que o próprio Cristo passou por fragilidade física. O rei dos reis, embora onipotente, experimentou a fraqueza e debilidade humana, até sua Paixão. Aliás, na Cruz Cristo experimentou a fragilidade máxima, o desamparo total. Como Isaías 53 diz, ele era como um brotinho, não havia boa aparência nele, o mais rejeitado entre os homens. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si. Ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar. Tudo isso ele passou para levar sobre si os nosso pecados.
A morte, e tudo o que está relacionado com ela, inclusive fraqueza e doença, são consequências do pecado. Se estamos ligado a Cristo, ainda que soframos essas mesmas consequências, elas já não serão para nós como castigo, pois o castigo o Senhor Jesus já sofreu, mas um instrumento da nossa santificação, até que estejamos preparados para ser totalmente livres dessas coisas. Sim, por causa da fraqueza pelo qual Cristo passou, haverá um dia em que todos aqueles que se apegarem a Ele pela fé não sofrerão mais doença, velhice ou morte. Portanto, use os momentos de debilidade para se lembrar do que Cristo sofreu por você e do que Ele promete em decorrência desse sofrimento.
O texto continua dizendo que os servos de Davi decidiram buscar uma virgem para cuidar dele e dormir com ele; só dormir mesmo, parece que nem ter relações sexuais ele conseguia mais. Ela o aqueceria com seu corpo. Encontraram uma moça muito bonita, e a trouxeram ao rei. Davi, em seus últimos dias, podia finalmente gozar os frutos finais de seu árduo trabalho. Muitos não se preparam para a velhice, não constroem um patrimônio para a aposentadoria, e acabam, literalmente, não tendo onde cair mortos. Se sabemos que a velhice vem para todos aqueles que não morrerem jovens, precisamos nos preparar para ela. Não são apenas os reis que podem ter algum conforto em seus anos finais.
Há muitos, ao contrário, que não conseguem envelhecer bem porque só pensam em trabalhar. Como diz Eclesiastes, "seus olhos não se satisfazem com riqueza". Eles se privam inutilmente da alegria, porque de fato já estão mortos na alma. Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda. Mas, para quem estiver disposto a, quando já não tiver mais forças, aproveitar os frutos do seu trabalho, sua velhice pode ser mais doce. Então prepare uma aposentadoria, mas não fique juntando bens indefinidamente.
Também não perca o sono para deixar tesouros para seus filhos, pois qualquer desventura pode acontecer e tudo o que você conquistou se perde. Preocupe-se, mais do que isso, em deixar sabedoria para eles, pois esse será um tesouro inestimável. Davi falhou nesse aspecto, e isso quase pôs o reino em desgraça. O versículo 5 nos informa que um dos seus filhos, Adonias, decidiu reinar no lugar do pai, fazendo os preparativos para a própria coroação. Ele não se preocupou em saber se essa era a vontade do pai, do povo ou de Deus. Mas uma autoridade que dá testemunho de si mesma não tem muito prestígio. Não devemos buscar pelas nossas próprias forças alcançar posições de comando, como que impondo isso aos que estão acima e abaixo de nós. O caminho para os santos de Deus alcançarem lugares altos é o da submissão, da humildade.
Como ensina Filipenses 2, não devemos fazer nada por contenda ou por vanglória, mas considerar os outros como superiores a nós, tendo em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, humilhando-se a si mesmo e sendo obediente até à morte. Por isso Deus o exaltou soberanamente, para que tivesse toda autoridade nos céus e na terra, porque os que se humilharem serão exaltados, mas os que se exaltarem serão humilhados. A ambição de ser exaltado só é louvável quando for motivada pelo amor a Deus e pelo amor ao próximo.
Segundo o versículo 6 de I Reis 1, Adonias agia dessa forma porque nunca seu pai o tinha contrariado, ele nunca havia questionado o seu comportamento. Adonias era um filho mimado e, à semelhança de seu irmão Absalão, queria o poder. Esse é um alerta aos pais, e educadores em geral: nossa natureza é essencialmente má, de modo que, se não aprendemos a ter limites, nossa maldade vai se expandir mais e mais indefinidamente. Então comece bem cedo. Tire a chupeta do seu filho de dois anos (aos poucos, claro, não precisamos também ser brutamontes). Ensine regras e rotina, e os castigue quando eles as quebrarem. Supervisione o que seus filhos menores fazem na internet. Não os deixe ficar o dia inteiro no celular. Amar é também colocar limites e dar responsabilidades aos filhos. Esteja juntos deles, participe de suas decisões. Pergunte: "Por que fizeste assim?".