NÃO!

Não existe mais a rua em que vivi quando criança.

Não existem mais as duas casas em que morei, entre 1977 e 1992.

Não existe mais a Casa dA Falecida.

(As caveiras riem de nós -- poeira humana viva!)

Não existe mais nada do que eu sonho em rever.

O relógio, na parede, parou há alguns séculos. Seu ornamento amarela*. Possui um brilho fúnebre.

O tempo é mera convenção. Serve apenas para indicação. Mas não existe.

O anteontem é o dia mais atual que conheço. O hoje será amanhã -- dia que nunca virá.

NOTA

* Trata-se de verbo.