Marilie - 14 de janeiro de 2015
Só quando me afasto do resto do mundo é que consigo enxergar com mais clareza. Mais uma vez estou assustada. Minha vontade de me tornar alguém preenche os dias, dá razão ao ser. Não sonho mais com bicicletas, estradas ou aquele apartamento inundado. Não penso mais em lugares que nunca mais visitarei. Percorro os corredores dos planos que fiz com as emoções. Ao meu redor, paredes antigas que mal se sustentam. Não há mais cobertura - o telhado há muito tempo se desfez. Tenho certeza de que havia pinturas com diversos rostos amigos. Todas se foram. Se não sinto mais nada o que vou fazer com todo esse espaço vazio? Não preciso de corredores incompletos. Apenas preciso ser. Não preciso de recordações. Apenas preciso da memória que me ajude a chegar até o fim do dia. Não preciso de amor. Só preciso suprir meu medo de dormir sozinha. Então por que estou tão apegada a essa imensidão de nada? O que exatamente estou procurando dentro de mim se tudo se esvaziou?