O ELEFANTE NÃO SABE...
Em termos pessoais, realmente não aprecio a ciência política e não gosto de participar dos embates correspondentes a essa parte do contexto social, embora consciente da sua relevância para a sociedade, restringindo a minha participação apenas na execução do voto consciente, no candidato que pareça ser o melhor para o país, o que já é uma tarefa extremamente difícil no nosso atual cenário político. Não sou filiado a nenhum partido político, e não aprecio essa classe, que é quase igual em todo o planeta.
Contudo, como essas batalhas entre os eleitores estão por toda parte, não podemos deixar de observá-las, e muito menos de sentir os seus efeitos, que fazem parte e estão evidentes no caos instalado neste país. Ao invés das recíprocas agressões verbais e físicas, seria mais apropriado analisar o panorama geral, de um ponto mais elevado, mas de forma imparcial, sem hipocrisia, usando o melhor instrumento humano: o cérebro.
Fazendo uso desse instrumento vamos desenhar um cenário, para que, com esse mesmo instrumento, seja possível construir um caminho alternativo, onde não seja necessária a geração de conflitos extremos, onde todos saem perdendo. Vamos iniciar pelas ideologias políticas, observando as características das duas principais, bem como as possibilidades do seu entrosamento com as próprias características negativas da humanidade, (nossas características) que estão alinhadas em seguida. (* Ordem alfabética e copiado da Internet)
* Agressivo, ansioso, antipático, antissocial, apático, aproveitador, arrogante, atrevido, autoritário, avarento, birrento, bisbilhoteiro, bruto, cafajeste, calculista, caluniador, casmurro, chantagista, chato, cínico, ciumento, cobiçoso, colérico, comodista, corrupto, covarde, crítico, cruel, debochado, depressivo, desafiador, desastrado, desatinado, desbocado, descarado, descomedido, desconfiado, descortês, desequilibrado, desleal, desleixado, desmazelado, desmotivado, desobediente, desonesto, desordeiro, despótico, desumano, discriminador, dissimulado, distraído, egoísta, estelionatário, estourado, estressado, estuprador, exigente, falso, fanático, fingido, fraco, frio, frívolo, fútil, ganancioso, golpista, grosseiro, grosso, hipócrita, ignorante, imoral, impaciente, impertinente, impetuoso, impiedoso, imponderado, impostor, imprudente, impulsivo, incompetente, inconstante, inconveniente, incorreto, indeciso, indecoroso, indelicado, indiferente, indisciplinado, infiel, inflexível, injusto, inseguro, insensato, insincero, instável, insuportável, interesseiro, intolerante, intransigente, introvertido, irracional, irascível, irrequieto, irresponsável, irritadiço, invejoso, machista, malandro, maldoso, malicioso, malvado, mandão, manhoso, maquiavélico, medroso, mentiroso, mesquinho, narcisista, negligente, nervoso, neurótico, obcecado, odioso, omisso, oportunista, orgulhoso, pedante, pedófilo, pessimista, petulante, possessivo, precipitado, preconceituoso, preguiçoso, prepotente, presunçoso, problemático, rancoroso, relapso, rigoroso, rabugento, rude, sarcástico, sectário, sedentário, sofista, teimoso, tirano, traiçoeiro, traidor, trapaceiro, tendencioso, vagabundo, vaidoso, vândalo, vigarista, violento, vulnerável, xenófobo.
A definição do que é um defeito e do que é uma qualidade não é algo linear, mas sim subjetivo. Ser uma pessoa extremamente frontal, por exemplo, para alguns será considerada uma qualidade. Outros, com certeza, considerarão um defeito. Conhecermos nossos defeitos e qualidades é muito importante, quer para serem identificados em momentos práticos, quer para nos conhecermos melhor e tentarmos potencializar o ser humano que somos.
A Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, diretamente ou através de seus representantes eleitos, na proposta, no desenvolvimento e na criação das leis, exercendo o poder de governo através do voto. Ela compreende também, o capitalismo, respeitando a propriedade privada, adotando o sistema produtivo vinculado à propriedade individual. O lucro é o principal objetivo do sistema, promovendo a acumulação de capital. Ela institui a economia de mercado, através da livre iniciativa, cujo mercado se autorregula pela lei da oferta e procura, sem ou com muito pouca intervenção do Estado, apenas como um eventual regulador.
O Comunismo é a ideologia que prega a abolição da propriedade privada, e o suposto fim da luta de classes, além da construção teórica de um regime político e econômico que possibilite o estabelecimento da igualdade e justiça social entre todos os Seres Humanos. Para isso, todas as atividades econômicas são exercidas pelo Estado, onde todos os cidadãos se tornam funcionários públicos. Teoricamente, todos iguais, em todos os sentidos, governados por um Partido único, sendo os seus líderes escolhidos pelo Comitê Central do Partido, entre os próprios integrantes da administração desse Partido. Não existem associações de classe, sindicatos, ou quaisquer instituições do gênero, assim como não há outros partidos políticos e nem eleições. O povo, como um todo, não participa da nomeação do dirigente máximo do país.
A grande desvantagem do regime democrático é a existência de uma enorme quantidade de instituições, como essas que não existem no comunismo, mais as religiosas e outras, que nada produzem, não pagam impostos, arregimentando milhares de integrantes e seguidores, cujos interesses se sobrepõem aos interesses dos seus representados. Outra grande desvantagem é o excesso de liberdade de toda a sociedade, cuja liberdade acaba sendo utilizada de forma indevida, em razão de todos aqueles defeitos mencionados acima, que incidem também sobre o governo. Além disso, há uma indeclinável tendência para o acúmulo da riqueza nas mãos de poucos, com a formação de cartéis e de oligopólios, que exploram a população, desde a propaganda enganosa até os vícios na fabricação dos produtos, na sua comercialização e na prestação de serviços.
A grande desvantagem do regime comunista é a enorme concentração do poder nas mãos de apenas uma instituição e de somente algumas pessoas, bem como a exagerada supressão das liberdades individuais. Além disso, fica suprimida também a importância das qualidades individuais, inscritas nas potencialidades dos indivíduos, que não podem, e acabam não se interessando em exercitá-las, em função do nivelamento de todos. A maior restrição da liberdade para o povo acaba sendo uma vantagem deste sistema, pois o povo se torna mais disciplinado, embora sob pressão, ficando menos vulnerável a todos aqueles defeitos da humanidade que são punidos com maior rigor. Quanto à igualdade e plena justiça social, isso jamais será alcançado pela Humanidade, onde quer que seja, e sob qualquer regime político, em razão da imperfeição natural do Ser Humano. Neste particular, trata-se de uma utopia.
Em comum, as duas ideologias sofrem profundamente os efeitos de todas aquelas qualidades negativas dos Seres Humanos, acima mencionadas, razão pela qual, ambas não conseguem funcionar como apregoam em suas propagandas. Essas imperfeições estão em todas as camadas sociais, inclusive e principalmente nos governos, pois o Ser Humano não sabe se comportar dignamente com muita liberdade e muito poder. A própria história da Humanidade é um comprovante dessa realidade, cuja história está repleta de episódios que nos envergonham.
Os países sob o regime democrático vivem sob a pressão de constantes manifestações de protestos, às vezes violentos, sempre que tentam reduzir os benefícios concedidos maliciosamente pelos seus antigos dirigentes populistas, que acabam devastando as suas economias. Como as suas leis são elásticas, em função do populismo, o excesso de liberdade ganha mais espaço ainda, favorecendo o incremento da negligência e da delinquência generalizada. Aquelas qualidades negativas são ativadas tanto no exercício das atividades do governo, como nas atividades empresariais e até nos cidadãos comuns. Nas democracias esse fenômeno é devastador, pois assola os países por inteiro, em todas as camadas. Eles então caminham para a desintegração social e institucional.
Os países sob o regime comunista não sofrem a pressão de manifestações de protestos populares, pois não há liberdade para promovê-las, e também não há necessidade de redução de benefícios, pois nesse regime também não há necessidade das práticas populistas, que distribuem generosamente os benefícios com os recursos públicos. Ali não existem esses benefícios. A maior restrição da liberdade, às vezes exagerada, inibe (não elimina) a atuação de todas aquelas qualidades negativas, peculiares dos Seres Humanos. O povo como um todo, se torna mais disciplinado ainda que coercitivamente, em todos os sentidos. Mas nesse sistema surge um poderoso adversário: a individualidade oprimida. Transformados, todos em funcionários públicos, dirigidos em todos os sentidos pela centralização do poder, o desenvolvimento pessoal, em função das potencialidades individuais que não são iguais, fica nivelado, sob os efeitos da coerção, em prejuízo de todos aqueles que foram mais favorecidos pela Natureza, ou que pelos seus maiores esforços, possuem maiores conhecimentos e melhor formação técnica, cujos talentos são remunerados igualmente pelo sistema, limitando e impedindo a progressão individual, o que desestimula o indivíduo a usar todo o seu potencial. Enquanto isso, no governo, centralizado e poderoso, cria-se um ambiente que favorece abusos desse poder, sem que seja admissível qualquer reação. O império soviético desabou em função desses ingredientes, que prejudicam o interesse individual pela eficiência e produtividade, em favor da acomodação ao “status quo” que anula a individualidade e o interesse pessoal.
A China com a sua velha sabedoria executou uma associação entre os dois sistemas, integrando as suas respectivas vantagens, e em pouco tempo tornou-se a segunda potência econômica do nosso planeta. A Rússia está copiando da China, também associando a economia estatal à economia privada, mas não com o ímpeto e a habilidade dos chineses, cujo país é o que mais está crescendo no mundo. Além disso, a China tem no seu comando, algo muito raro na atualidade: um Estadista!
O Brasil, com sua velha, generalizada e permanente corrupção, também executou uma associação entre os dois sistemas, porém, integrando as suas respectivas desvantagens, onde existe a excessiva liberdade e a impunidade totais, a profunda intervenção do estado na economia, com a mais completa ineficiência e incompetência administrativa, e em pouco tempo, em torno de trinta anos, tornou-se um velho navio, à deriva e sem tripulação, perdido no “Oceano das Maracutáias”, rumo à cidade de Atlântida. Como um país muito “criativo”, adotou o sistema de governo populista, estruturado em todos os escalões mais “interessantes” de TODAS as suas instituições, no regime das Capitanias Hereditárias, sob o alicerce de parentes, amigos e correligionários, exercido por todos os partidos políticos, mediante o contínuo troca-troca de favores, e ainda a ininterrupta participação no governo, independentemente do partido que esteja no seu comando.
Os Estados Unidos, ainda a primeira potência econômica e militar, exemplo da Democracia Capitalista, alcançou esse lugar, contando com a homogeneidade étnica e cultural, com a liberdade sujeita à rigidez das leis, com a inteligente exploração dos talentos individuais, mediante eficientes métodos educacionais, socializando a iniciativa privada, ao invés de mantê-la no âmbito familiar como faziam os europeus nos velhos tempos. Mas aos poucos foi perdendo a sua homogeneidade social, com a consequente dispersão dos seus valores fundamentais e já se observa um declínio na sua liderança econômica. Os seus grandes Estadistas se foram, e não houve reposição.
Alguns países ocidentais do primeiro mundo, democratas e capitalistas, conseguiram amenizar os efeitos negativos sobre o sistema, alcançando um alto grau de cultura geral dos seus povos, aprimorando a qualidade das administrações governamentais, reduzindo a corrupção a baixos níveis e aplicando as leis com austeridade e justiça. Isso se observa especialmente nos países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca) e também na Suíça, Áustria, Holanda, Alemanha, Japão, Coréia do Sul, etc.
Como um resumo, temos o novo modelo chinês, e o velho modelo desses países mais desenvolvidos do ocidente, e ainda o Japão e a Coréia do Sul, todos eles como exemplos para serem estudados e admitidos pelos países subdesenvolvidos. Mas, no que nos diz respeito, qual é a instituição governamental que se possa aproveitar, e confiar, para dar o pontapé inicial? Como e o que fazer para unificar e preparar o povo brasileiro, tão multifacetado sob todos os aspectos, e tão carente de uma educação compatível? A solução talvez esteja no provérbio: “O povo é como o elefante; ele não sabe a força que tem; se soubesse, ele seria o dono do circo”. Com educação, inteligência, com patriotismo e com persistência, sem uso da violência, sem vandalismos, o povo brasileiro, através da sua composição melhor qualificada, talvez representada por um terço da população, pode não só dar o pontapé inicial, como todos os pontapés necessários para construir o Brasil que desejamos para nós, sobretudo para os nossos descendentes.
Podemos começar com ações simples, como não vender o voto, votar com a consciência patriótica, pensando no país e não nos interesses pessoais. Cobrar do poder público, a eficiência administrativa e cobrar também o cumprimento das promessas dos candidatos, nos quais depositou o seu voto e a sua confiança no futuro da Nação. Não votar, em nenhuma hipótese em quaisquer candidatos que estejam envolvidos com a corrupção, direta ou indiretamente, mesmo os suspeitos com fortes evidências, Não nos esqueçamos de que os espertalhões não deixam pistas dos seus crimes, mas quando as evidências são demasiadas, as provas são desnecessárias, tanto para puni-los exemplarmente, como para escolher em quem votar.
Esse um terço da população, mais esclarecido, estará trabalhando pelo interesse de todos, podendo fazer uso das redes sociais para organizar ações conjuntas, com a dignidade de propósitos, visando colocar o país na rota do desenvolvimento sustentável. Nas próximas eleições, por exemplo, promover uma substituição maciça, integral, de todos os atuais políticos, independentemente de partidos, para dar início a um novo tempo. Esta pode ser a Geração do novo descobrimento do Brasil. Unidos, na limpeza geral e na renovação, mediante a inserção do vigor da nova juventude. Fora com os velhos políticos, viciados na corrupção compartilhada. Eles fazem parte e são sócios de um único partido: o verdadeiro PCB, o partido dos corruptos do Brasil, e estão rindo das encrencas entre os eleitores menos atentos à nossa realidade. Os nossos descendentes, nas próximas décadas, olharão para o passado (que fomos nós) e agradecerão.
Os Leitores Pensadores devem observar que os países dotados de uma estrutura étnica e social mais uniforme culturalmente, (China, Japão, Coréia do Sul, países escandinavos) são beneficiados pela facilidade em também uniformizar e concentrar suas energias nos seus objetivos nacionais, integrando-os com a coletividade. Em um país multifacetado, em todos os aspectos, como o Brasil, a educação imparcial, livre de quaisquer influências sectárias, é o único instrumento com o poder de promover a uniformização social. Os seus efeitos positivos serão colhidos décadas depois do seu verdadeiro incremento e manutenção, cujo exemplo mais recente é a Coréia do Sul.
Uma vez adotados todos esses procedimentos, como saber dos seus efeitos? Através da observação dos efeitos na eficiência administrativa, os efeitos na economia, na notória diminuição da criminalidade em geral, na não existência de lixo pelas ruas e nos rios, no fim das pichações, no término dos confrontos entre as torcidas de futebol, no aumento da educação no trânsito urbano e nas estradas, no fim dos espancamentos domésticos das mulheres, nos novos assuntos das redes sociais, na mudança do teor dos textos do Recanto das Letras, da maior cortesia entre os cidadãos em todos os lugares... e quase não se ouvirá mais falar em corrupção. Teriam sido extintas todas as mordomias e todos os privilégios dos herdeiros das trocas-trocas dos três poderes, e o povo voltaria a acreditar nas instituições. Neste caso, as coisas estariam mudando, mas enquanto não chegarmos lá, deve-se continuar no sistema de atenção, mantendo a prontidão do mecanismo de mobilizações civilizadas, sem violência, sem vandalismo, com o coração pintado de verde-amarelo. Elas funcionam. O Brasil precisa se livrar da “síndrome do caranguejo”, observando os países que estão na frente, no topo do ranking ou nessa direção, e aprender com seus erros e com seus acertos.
Este texto é um singular desvio do propósito central da minha Escrivaninha, que é a espiritualidade, e sobre o conteúdo político não há a menor pretensão de retornar. Oxalá ele seja de alguma utilidade, para compensar esse desvio inapetente ou anoréxico.
Como uma sugestão, visitem o Google com a pergunta: Por que a China cresce tanto?
Encerrado o texto, comecei a arrumar os objetos sobre minha escrivaninha, e ao manuseá-los observei algo em comum: em quase todos eles (telefone fixo, celular, mouse, etc.) estava escrito “made in China”! Sem perceber, eu colaboro um pouquinho com o crescimento chinês, mas eles merecem, trabalham arduamente e amam o seu país... São patriotas! E, para arrematar, na balança comercial entre Brasil e China, o saldo é favorável ao Brasil. Vamos copiar deles o que nos interessa: disciplina, trabalho e patriotismo; e desprezar o que não nos interessa: falta de liberdade e extinção da individualidade. O modelo ideal está nos países escandinavos, onde aproveitam as recíprocas vantagens, e desprezam as recíprocas desvantagens, mandando às favas as respectivas ideologias. A economia é o grande adversário das ideologias, pois ela não se submete a nenhuma delas... Se não funciona, ela explode! O Brasil que o diga,
Obs. Este texto foi elaborado muito antes destas eleições, mas ele foi esquecido e ficou perdido no meio dos textos (coisa de idoso). Encontrei-o casualmente, e o publico mesmo extemporaneamente, na expectativa de que possa, mesmo assim, ter alguma utilidade.