Querida Anne

Sempre que lia o romance de Anne Frank diante do nazismo impetuoso da década de 40, tentava imaginar como seria se eu estivesse em seu lugar. Não foi tão difícil tendo em vista a semelhança na idade em que li pela primeira vez o diário mais famoso. Porém, minha primeira impressão de Anne não foi das melhores. O jeito que tratava sua mãe não me era compreensivo. Mas as famílias possuem suas razões e para piorar havia todo o contexto da guerra, de se viver em um cubículo, e ainda, a espera angustiante por notícias vindas de um minúsculo rádio, sendo essa sua única esperança. Isso destruiria até mesmos os nervos de Madre Teresa, quem dira de uma garota de 14 anos. Me foi necessário reler o livro, 1, 2 e até mesmo 3 vezes. Relia para apreciar a escrita madura de uma jovem, mas para também entender uma situação tão surreal e aterrorizante. Por fim, todos sabemos que no final do livro a autora nos deixa, contra sua vontade, saindo desta vida com um desejo realizado. Se tornando uma escritora formidável em um dos cenários mais cruéis da nossa história. Obrigada Anne, por mostrar o poder das palavras para diversas gerações.