Mais digitais ou menos sensíveis?
"Comumente observa-se que, diante da não só influência, como, principalmente, necessidade, do uso da tecnologia o homem se rendeu completamente a ela. E passou, assim, a ser refém, por vezes, daquilo que deveria apenas ajudá-lo a acelerar os processos comunicativos e sociais.
Prova disso é o tempo que se passa ao celular, seja trabalhando ou teclando simplesmente por teclar. E mais, não custa perceber o quanto se usa e abusa da tecnologia, nas horas e ambientes mais errados; digamos assim. Porque não se tem mais limites.
Por exemplo, ao chegar num restaurante, esperando o prato principal estar-se com o celular nas mãos e logo se pergunta: Qual é a senha do wi-fi? Antes mesmo de pedi o prato.
E, mesmo a espera, em vez de conversar com a pessoa do seu lado, ou o convidado consigo na mesa, dar-se vazão às tecladas parecendo está só. E o silêncio sepulcral impera dando lugar 'só e somente' a presença virtual.
Não se acostumou a dizer que: ficamos mais digitais do que reais? Até considero, mas não em todas as horas. Nesta, por exemplo, é inviável ter uma conversa, cara a cara, saudável e humana. A presença real não produz o mesmo efeito que antes, não causa sentido/sentimento.
Talvez por isso que as relações sociais estejam do jeito que estão, as pessoas, rápido, perderam as sensações e tudo ficou frio, inclusive nas relações.
Não se tem tempo para conversar com o pai, com o namorado, para conhecer pessoas, só se for virtual.
O que tem causado um desgaste nas relações, uma mau uso das pessoas como se elas fossem descartáveis, pois só se procura alguém quando se precisa dela, depois já não serve.
E o pior: talvez não se apercebam desse mal e não vejam o quanto estão contaminados do vício desenfreado e habitual da tecnologia, a ponto de conseguir ou mesmo querer frear, desligar o celular, por um dia; será que conseguem? e voltar ao convívio do passado, aos bons hábitos humanos de sair à noite no sábado, abraçar mais e mais os amigos, senti o outro dia a dia, em vez de procurá-lo apenas via digital.
Pois a máquina foi feita para o homem e o não o contrário.
Vivia-se bem antes dela e sem ela, e deve-se viver melhor a partir dela. Mas, infelizmente, não é isso que se vê. Quereria ser como outrora!
Há pessoas menos sensíveis depois do uso das tecnologias, menos tolerantes, mais invasivas e sem controle acerca de si e, principalmente, do outro. O desrespeito prepondera e as relações humanas são as mais prejudicadas.
Ainda há quem diga ser isso normal, apenas uma consequência tecnológica, será?
Preferiria o jeito antigo de ser, de se portar e de se importar com o outro. Antes abraçava-se, ouvia-se mais, sentia-se mais o amigo ao lado. Hoje, finge-se ouvi-lo, se importar com ele, quando, na verdade, há pessoas mais individualistas, mais aptas a cuidar somente de si, ignorando a dor alheia. Foi para isso que a tecnologia chegou? Para nos roubar de nós mesmos, nos trazer uma pseudo felicidade, travestida de celeridade e rapidez à custa de tanta falta de cordialidade, fraternidade e sensibilidade?
Desculpe, mas não quero ser digital, prefiro manter a minha humanidade e ser arcáico, antiquado mesmo, a ter de 'pagar de atualizado', fingir ser evoluido à custa de tamanha insensibilidade. Em que nos tornamos não é mais a pergunta, mas até quando nos renderemos às inovações tecnológicas que não nos deixam novos, pelo contrário, estamos mais frios e sem paciência.Que saudade de ser como um dia fomos.
Não quero ser quase um robô, uma máquina, insensível. Para os que acreditam no 'determinismo- na influência do meio'. De tanto usar a tecnologia o homem ficou tecnológico demais, o que se chamou por: 'digital'. À ponto de perder totalmente a sua sensibilidade humana, a sua própria humanidade.
Mas ainda dá tempo de resgatar a sensibilidade perdida, de restaurar a própria humanidade. A vida não é um jogo nem um video-game, mas há mais uma chance de melhorar o trato umas com as outras não se deixando converter/dominar por elas.
Decisão que só cabe a você.
E a pergunta permanece: E os homens estão mais digitais ou menos sensíveis? Conforte-se com a resposta ou altere a sua forma de ser."