Até quando?
Luzes brilham, exala-se aquele cheiro que remete a infância, tudo tão limpo, cheiro delicioso de comida no forno, roupas novas, presentes, shopping com decoração especial... Mas quando andamos na rua vemos seres humanos sujos, procurando alimento no lixo, deitados ao relento em meio à imundície, olhando para nós como se fossem inferiores e não merecessem dignidade. Contam mentiras para gerar um pouco de compaixão e conseguir algumas moedas para alimento ou para saciar seus vícios. Que contradição! São algumas das mazelas subjetivas, ou nem tão subjetivas, que cerceiam o nosso país. Mas, isso não nos diz respeito, porque estamos confortáveis dentro do nosso carro, ou no hotel de luxo com o ar condicionado aos 10 graus.
Olhamos para eles de cima, como se incomodassem nossa passagem ou atrapalhassem nossa vista. Alguns ainda comentam: "Não era para deixar essas pessoas na rua, a prefeitura tinha que recolher para um abrigo" - como um lixo que precisa ser recolhido.
Até quando cobriremos nossos olhos para não vê-los de verdade? Até quando pensaremos simplesmente que não podemos fazer nada, e continuaremos vivendo nosso feriado mágico e feliz? Até quando pensaremos que a desigualdade do Brasil não é nossa responsabilidade? Até quando pensaremos só em nós? Como podemos viver um feriado que prega amor, que gera felicitações, abraços, pensamentos positivos, metas de mudança, se continuamos sendo egoístas e ignorando a realidade?
É fácil fazer uma boa ação para desencargo de consciência, quando na verdade somos (a maioria) contra as políticas públicas voltadas aos menos favorecidos (como o programa Bolsa Família, por exemplo), e não votamos em quem poderia ajudar as maiorias desfavorecidas. Votamos em quem atende aos nossos interesses, mesmo sendo, no fundo, interesses preconceituosos e desumanizadores.
Até quando nos consideraremos superiores? Até quando tentaremos nos afirmar diminuindo e menosprezando o outro? Até quando nossa verdade será mais absoluta e o outro será sempre menor? Até quando continuaremos estagnados diante de telas, sem olhar nos olhos? Até quando não expressaremos nossos sentimentos para não mostrar nossa vulnerabilidade e não admitir nem sob tortura nossa fragilidade humana?
Até quando nos assemelharemos mais a robôs do que a seres (que deveriam ser) humanos? Até quando a dor do outro será insignificante? Até quando estará tudo bem, desde que não seja comigo e nem com minha família? Onde foi que se perdeu a humanidade? Até quando o egoísmo dominará nossas vidas? Até quando ignoraremos os ensinamentos que o Mestre do Amor nos deu? Porque não buscamos nos assemelhar mais a Jesus, e não ao padrão que a sociedade, a moda, ou a mídia nos impõem? Mas o que importa é que nossa mesa está farta, nossa cama está quentinha, nossa casa está iluminada e cheia de presentes.
Até quando?
“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei.” João 15:12