VÉSPERA (parte 2)
Estou no passado, impregnado de lembranças sutis.
Sinto dor e desamor no simples bom dia da véspera que precipita.
Parece que não vai haver sol nem colibris,
pelo simples fato que a flor se ausentou.
E minha mente grita:
'Como encontrar o belo na ausência?'
'Clemência', pede contrita
minh'alma que não quer mais sonhar.
Abandonar o sonho não é mais tão medonho.
E o riso irônico me leva a um encontro canônico:
sem toque nem cheiro... platônico!
Um nascimento: ouro, incenso, mirra, milagre.
Depois água, vinho, vinagre...
Não se mata a sede com o passado.
Deflagre!
Desculpa, me perdi.
Me perdi no único dia que foi feito para se encontrar.
Pois as vésperas,
as vésperas sempre foram envolventes, influentes,
e até intransigentes.
Mas a minha véspera,
somente ela,
será áspera.
Somente áspera.