Arcaicos contemporâneos
Décadas se passaram
Ao menos duas de que posso recordar
Os sedativos permanecem em pleno consumo
Distrações
Distorções
O tempo ocupado precisa ser gasto
Passar voando
Para idolatria do ócio no sofá
Para a regra do assento à mesa do bar
Já estamos em setembro?
A expectativa pelo fim dos dias úteis
A inevitável chegada ao fim de vidas inúteis
Números no balcão das lojas
Cadastrados nas promoções de supermercados
Integrados em derivações estatísticas
Desintegrados em soluções criativas
Reintegrados pela conexão Wi-Fi
Desesperados pelos novos modelos programados a obsolescência
Já se passaram 30 anos?
Filas para pegar a senha da aposentadoria
Palavras cruzadas digitais
Para matar o tempo, você sabe
Assento preferencial para indicar o cansaço acumulado pelo tempo
Ansiosamente desfrutado depois de tanto tempo dilacerado
Pelas mesmas conversas de sempre
Pela mesma programação dos domingos de sempre
Pelos Clash Royale amados nos metrôs lotados
Pelos livros nunca abertos
As capas faziam sucesso no Instagram
Quantos likes você precisa?
Para curar sua doença?
Para sanar sua demência?
Para amenizar sua decadência?
As memórias do passado angustiam
O corpo não responde aos pulsos vitais
A mente se desintegra tal qual sempre fora desejado
A regra se regenera em lugar da liberdade deposta pelos déspotas da retórica do acalanto programado
Precisamente imprecisões não são precisas: o molde da perfeição está a venda no e-commerce.
Em tantas quantas parcelas você pode se dividir.