Encruzilhadas

São nas curvas fechadas das estradas tortuosas, que nos reencontramos, voltando.

Em pisar sobre nossas próprias pegadas, temos a falsa sensação da imortalidade, e de poder desfazer antigos erros, alterando velhos planos. Ledo engano.

Já foram traçados, vividos e menosprezá-los seria inferiorizar a memória do que sentimos, alegrias e danos.

O destino nos faz mártires de nós mesmos, cujas cicatrizes não são apenas medalhas, mas provas queloides de resistência e de sobrevivência.

Não nos cabe as vãs expectativas, por apenas constatarmos que ainda não morremos, se todo dia é um dia a menos.

Prosseguir não é descaminho obstinado dos lunáticos desvalidos, mas ato de fé, pois só os persistentes alçam a iluminação de seus uterinos sonhos, epifanias geradas pelo medo e loucura dos que não se contentam com a mesmice de uma vida ordinária e sem glória.

Seria isso que chamamos de esperança?

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 16/12/2018
Reeditado em 17/12/2018
Código do texto: T6528326
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