Encruzilhadas
São nas curvas fechadas das estradas tortuosas, que nos reencontramos, voltando.
Em pisar sobre nossas próprias pegadas, temos a falsa sensação da imortalidade, e de poder desfazer antigos erros, alterando velhos planos. Ledo engano.
Já foram traçados, vividos e menosprezá-los seria inferiorizar a memória do que sentimos, alegrias e danos.
O destino nos faz mártires de nós mesmos, cujas cicatrizes não são apenas medalhas, mas provas queloides de resistência e de sobrevivência.
Não nos cabe as vãs expectativas, por apenas constatarmos que ainda não morremos, se todo dia é um dia a menos.
Prosseguir não é descaminho obstinado dos lunáticos desvalidos, mas ato de fé, pois só os persistentes alçam a iluminação de seus uterinos sonhos, epifanias geradas pelo medo e loucura dos que não se contentam com a mesmice de uma vida ordinária e sem glória.
Seria isso que chamamos de esperança?