__________DEIXEI DE OUVIR
Deixei de ouvir ainda muito menina, era fácil sonhar nessa idade. Com tanta febre pela vida, deixei de ouvir. Seguia, panturrilhas finas, pés empoeirados e braços abertos para o mundo, impossível de domar.
Deixei de ouvir - o que me concedeu grande paz - e fluía pela rua silenciosa, o chão de terra batida, as árvores perfumadas... Os longos fios do meu cabelo deslizavam suavemente, colhendo as poeiras do mundo. Deixei de ouvir a cidade barulhenta, as buzinas, e corria desvairada feito o vento.
Deixei de ouvir para enxergar as cores, respirar a vida, por onde me dissolvi à beira de partir de mim para sempre. Para longe de tudo, deixei de ouvir determinadas coisas. As mesmas que agora - ainda ignoro-. Deixei de ouvir os adultos ranzinzas e, feito isso, - os pássaros criaram ninhos em meus ouvidos.
Deixei de ouvir - o que me concedeu grande paz - e fluía pela rua silenciosa, o chão de terra batida, as árvores perfumadas... Os longos fios do meu cabelo deslizavam suavemente, colhendo as poeiras do mundo. Deixei de ouvir a cidade barulhenta, as buzinas, e corria desvairada feito o vento.
Deixei de ouvir para enxergar as cores, respirar a vida, por onde me dissolvi à beira de partir de mim para sempre. Para longe de tudo, deixei de ouvir determinadas coisas. As mesmas que agora - ainda ignoro-. Deixei de ouvir os adultos ranzinzas e, feito isso, - os pássaros criaram ninhos em meus ouvidos.