Registros em cartões postais
"And You’ll miss me more as the narrowing weeks wing by: Someday duly, oneday truly, twosday newly, till whensday".
Nova York, Amsterdã, Barcelona. Fotos em quantidades estratosféricas disparadas por segundo e veiculadas em escala de tempo quase que instantânea nos stories. Os monumentos, os museus, os parques, as lojas, os pubs, as bicicletas, as paisagens épicas que já vimos nos filmes, nas séries, nos romances.
Registros para a legitimação do efeito de conquista territorial. Tramas complexas que envolvem pacotes transatlânticos, cifras em conversão monetária e futuras faturas em parcelas de passado para a conquista de necessidades prosaicas do presente. Uma imersão nas profundezas de uma superfície convexa em alguns pixels com resoluções variadas a depender do seu modelo de bolso.
Registros in loco do Sena, do Tâmisa, do Hudson, do Reno. Registros de fronte a um da Vinci, Monet, van Gogh. Na Paulista, na Vieira Souto, na Pampulha podemos apreciar a todos esses registros sob diversos ângulos, diversas perspectivas, diversos filtros. Já está tudo devidamente e demasiadamente registrado cujo acesso é fácil como acessar o Google arts & culture.
Edificações se assemelham pela composição e se diferenciam pela geometria. Pessoas se assemelham pela geometria e se diferenciam pela composição. As cidades se modulam culturalmente pelas pessoas que as habitam, que com elas interagem, que com elas se relacionam. A perpendicularidade do pescoço em relação ao solo é importante para que seja compositor de interações.
Seja onde quer ou não queira que esteja, a cidade onde estiver será o ponto que abarca toda a realidade do universo num local preciso. Basta abraçá-la em vez de revisitá-la com olhos de outrem, com egos trêmulos e ânsias constantes por inclinar o pescoço à virtual trivialidade.