A INCERTEZA LEVA A REVELAÇÃO

Em nossa história coletiva, acreditávamos na Terra plana, na cosmologia geocêntrica e na percepção verídica, crenças que foram mantidas por longos períodos. Não concebíamos que o nosso conceito da verdade nos iludisse.

A Grande Cadeia do Ser é outro exemplo de uma visão falsa de longa data, que, ainda, continua recorrente, e decorre do mesmo tipo de pensamento erroneamente centrado. Da mesma forma, até pouco tempo atrás, se acreditava que a expansão do universo iria cessar, ou mesmo que o universo iria contrair-se. Mas, evidências agora mostram que a expansão do universo está acelerando.

A própria idade da Terra, que se acreditava ter apenas alguns milhares de anos, estava desalinhada da veracidade, devido a cálculos bíblicos que não continham as estimativas de milhões de anos com base na erosão, nem o conhecimento sobre o decaimento radioativo ocorrendo no núcleo da Terra, ou baseado em placas tectônicas. Mesmo a concepção de que a matéria é uma coisa só em aparências diferentes, é considerada verdadeira até hoje.

Até poucas décadas atrás, pensava-se que um ataque cardíaco era um fato consumado, cujo evento era confrontado com o fornecimento de oxigênio, a aplicação de morfina e a crença nas orações, invés da restauração do fornecimento de sangue ao coração, e interromper o ataque cardíaco ou evitar grande parte do dano.

Durante muito tempo, se pensava que o cérebro continha partes separadas projetadas para o controle motor e a percepção visual. Até a descoberta dos neurônios-espelho, se pensava que o cérebro continha partes separadas projetadas para o controle motor e percepção visual, e ficou entendido que o cérebro usava áreas motoras também para percepção e áreas perceptivas também para visão.

É plausível entender que existem razões políticas e religiosas. Contudo, a história demonstra que nem a política nem a religião exigem uma crença criacionista na concepção inteligente.

No processo pela busca da verdade, uma parte fundamental da ciência funciona como uma pesquisa probatória para testar se o conhecimento existente pode ser contradito.

Possivelmente, o que vemos não contém informações suficientes por si só para percebermos o verdadeiro estado do mundo. Que uso teria a percepção não verídica?

Na vida, às vezes, é preciso ser seletivo para combinar o sério com o literal, pois, se considerarmos as possíveis situações de perigo que confrontamos na vida, tanto seriamente quanto literalmente, podemos evitar problemas e danos se levarmos em conta a consistência de ambos. Contudo, a percepção não é verídica.

Talvez, sejamos precipitados em julgar antigas teorias e com isso enfraquecemos a ciência de hoje, como fazemos com o antigo Direito, quando o Direito de hoje também pode encontrar-se contaminado.

O homem atribui categorias às coisas, porque isso suporta inferências baseadas em características físicas compartilhadas, que por sua vez sustenta o raciocínio concluído sobre a forma e o comportamento, levando à persistência da crença incorreta.

A educação constrói significado e envolve uma transmissão de conhecimento desde o saber antigo à descoberta mais nova em forma de exemplos e argumentos organizados, que podem ou não, ser conceitos equivocados e recorrentes.

Apesar de todo o conhecimento adquirido e de todas as crenças reunidas, ainda não há uma explicação universalmente aceita sobre o surgimento da vida, o que nos deixa com a persistente impressão de que há algo cientificamente inexplicável na vida.

Devemos, portanto, usar de nosso direito à escolha de crer no que mais se aproxima da aceitação de nossa compreensão.

Provavelmente, devemos, tentativamente, buscar reformular o conceito da beleza, da bondade e da verdade.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 25/11/2018
Reeditado em 23/10/2023
Código do texto: T6511483
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