Fagulha
Foi num crepuscular lá no alpendre do meu lar, logo começou a escurecer, e era noite escura pra valer. Comecei a matutar na minha infância, enquanto, pela luz do meu lampião vislumbrei o passear no terreiro de Gertrude a velha cotovia, companheira do Godofredo. E não é que ela cantarolou amiúde com aquele mavioso som, acho que fez isso pelo Godofredo, fiquei encafifado, pois, devia cantar mais cedo, talvez esse valor seja induzido e ministrado pelo amor. Com meu antigo olhar via o fagulhar lá na casa do Alfredo, e comecei a pensar neste enredo, meu vizinho, apesar de bom vizinho, cada qual a morar sozinho. Enquanto, por mim passava Godofredo. Ah... Vocês se lembram do Godofredo? Meu teiú de estimação, grande bebedor de ovos crus, foi rebolando pelo chão como se fora o dono de toda aquela situação. Enquanto, me empalhava a pensar no Godo, notei então que aquela fagulha à ponta de pequena agulha, seca palha se inflamou, aquele fogaréu dele me fez réu, e de imediato ao Alfredo mandei um "zap" o qual retornou ao meu desprezível engodo, convidando-me para festa de São João. Nem me lembrava daquela data, enquanto, o fogo se espalhava na minha imaginação maranata, também me empalhava lá com toda aquela brasa-mora. Mora pra não perder a deixa que às vezes demora a dar vazão à ideia deste ancião. Agora me lembrei da velha guarda, e também da guarda velha de meu catre, pintado de verde abacate, aliás, obra de minhas próprias mãos a fazerem um biscate naqueles tempos bicudos devido a má situação. Sosseguei o facho e o facho de centelha do amor afaguei. Afagar o facho é preservar o cacho d'uva ao carregar perfumoso buquê amoroso.
Amor é fogo penetrante, agulha incandescente a penetrar flamejante o coração da gente. Não dá pra escrever nada sem falar do amor, realmente é a única coisa de valor pingente dependurado no coração ardente.
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