EU SOU... MINHAS PALAVRAS
Oh, quantas mortas palavras não s’encontram nos cadernos e livros!
Porém, não as minhas!
Ai, como s’explicar o ultraje pelo que tanto se faz às palavras?
Da maldita escrita a macular-se a alma de quem a teceu
E, para o bem dos outros, que seja surda a de quem então a lê
Mas, conforme antes disse, não as minhas
E por que deste modo digo?
Oh, palavras... minhas palavras... as quais escrevo!
Não, não estão fora de meu texto
Visto que são minhas as palavras qu’esculpo
... seja no caderno... ou em qualquer outro papel
Seja mesmo no computador em que as digito
A que jamais estão fora de meu texto
Minhas palavras são... eu mesmo
E eu sou... minhas próprias palavras
Não somos diferentes
É o que, pois afirmo
Como sou também... todos os meus textos
E por isso não estou fora... de meus contextos
Ah, deveras que não estou!
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6 de novembro de 2018