SAUDADES MORTAS
Era uma tarde de outono, o vento trazia um frio melancólico e ao mesmo tempo risonho, pois seu vestido mesmo em silêncio não se aquietava e o meu olhar, entretanto, delineiava, sem piedade, os contornos frágeis do seu calado esperançar...
O nosso caminhar, este sim era ruidoso, estalavam folhas secas e saudades mortas de um tempo onde o tempo era a última preocupação, de um tempo onde sentir saudades era simplesmente lembrar da música retórica que tocou no rádio no dia anterior...
Mas o tempo passou e com ele as saudades ficaram longínquas, mas mesmo assim ainda restou um brilho por trás de toda esta melancolia que o passar dos anos não fez nenhum esforço em esconder...
Esse brilho não foi nenhuma esperança nem tampouco delírio, foi simplesmente uma vontade que ainda insistia em acreditar que valia a pena sonhar, sonhar com você!...
O tempo agora é primaveril e quanto às saudades mortas, elas continuarão confinadas no túmulo do tempo, pois agora eu quero mesmo é criar outros brilhos, outros sonhos, outros sorrisos, outras saudades, outros sorrisos, outros sonhos, outros brilhos...
Outras saudades!