Borderline e histrionismo- Seu nome é Carlos?
Seu nome é Carlos?
Carlos, um homem autoconfiante e extrovertido, decide sair para matar o tempo num bar próximo ao centro da cidade. Entre cervejas e alguns cigarros, Carlos se encontra com uma garota que conheceu no Tinder. Julia é extrovertida de um jeito incomum e Carlos sabe que existe algo de diferente naquela pessoa. Logo na primeira noite, as coisas esquentam entre eles. O sexo, embora tenha ocorrido na primeira noite, parece ser íntimo e natural como o sexo de um casal que completa bodas de prata. Apesar de extrovertida, Júlia tem histórias tristes pra contar e não hesita em conta-las a um estranho: fala sobre sua mãe e como ela era severa e autoritária, como foi sua vida sem um pai... Aproveita o momento de desabafo e lança duras críticas contra seu ex-namorada. Um abusador, traidor, pai negligente, vocifera Júlia. Embora a situação seja incomum, Carlos sente pena das histórias tristes que Júlia lhe conta e acredita que a pobrezinha foi injustiçada, vítima das ordálias do cotidiano.
Carlos se sente renovado: Júlia joga sua autoestima nas nuvens, com elogios, mimos, e com uma personalidade singular; afinal, Júlia e Carlos têm muito em comum. Nunca antes ele imaginaria que poderia ter tamanha conexão com alguém.
O tempo passa e o amor só aumenta, embora Carlos fique assustado com os comportamentos de Julia. Ela é excessivamente ciumenta, tem temperamento controlador e se comporta de maneira estranha quando bebe. Júlia também passa boa parte do tempo falando mal do ex-namorada e parece não pensar antes de tomar uma atitude. É impulsiva!
O amor logo começa a ser obstaculizado por condutas estranhas: Júlia não aceita críticas, muda de humor sem razão, faz chantagens emocionais para Carlos se sentir culpado e parece ficar ressentida e vingativa com qualquer detalhe que sai fora de seu controle. Quando isso acontece, reage com raiva, ironia ou sarcasmo. Ocasionalmente, presenteia Júlio com tratamentos de silêncio, remove a foto do Whatsapp para fingir que o bloqueou e começa a distorcer tudo que ele diz de maneira absolutamente irracional. Aquela pessoa que parecia ter tanto em comum com Carlos agora sofreu uma metamorfose: reclama de tudo e de todos e ocasionalmente fica paranoica. Carlos tem fortes suspeitas de que ela mente pra ele e sua conduta sedutora com outros homens começa a incomodá-lo. Júlia também faz dramalhão com tudo e todos, tem problemas com ansiedade e depressão e, de acordo com sua mãe, tentou se suicidar no passado. Júlia parece odiar Carlos em certos momentos. Quando ele ameaça romper com ela, ela se derrama em lágrimas, age com impulsividade e ira descontrolada e , por vezes, se humilha, implorando para permanecerem juntos, dizendo que mudará.
Toda promessa é quebrada e os comportamentos começam a piorar. Júlia acusa Carlos de ter seus próprios defeitos e parece distorcer até os mínimos detalhes dos acontecimentos cotidianos. Carlos têm suspeitas de que Júlia transou com outros homens durante os inúmeros términos, mas ela nega. Fica furiosa, indignada, diz coisas como “ você acha que sou vagabunda? Como pode pensar isso de mim”. Carlos fica ambivalente, mas prefere não discutir, pois sabe que tudo termina em brigas homéricas.
Com o tempo, Carlos pesquisa na internet através de palavras-chave o comportamento de Júlia, agora sua esposa, e quase cai da cadeira quando encontra as palavras “ histrionismo” e “ transtorno de personalidade borderline”. Exceto pela automutilação, Júlia apresenta todos os sintomas. Carlos está incrédulo! A essa altura do campeonato, Carlos já duvida da própria sanidade e se sente drenado com a carência, necessidade de atenção e jogos de puxa-empurra da esposa. Quando tudo vai bem, ela parece sabotar a relação. Carlos fica estupefato! Julia parece gostar de viver infeliz!
“ Você é egoísta! Você não me ama? Fulano era melhor que você! Homem de verdade não faz isso”!, entre outras frases que ele escuta rotineiramente.
Carlos descobre que Julia está grávida! Suas oscilações de humor aumentam, seu egoísmo e infantilidade tornam a relação insuportável e Carlos deixa o lar. Júlia se diz arrependida, o procura, dá-lhe um bom gelo, tenta seduzi-lo, mas dessa vez, Carlos está resoluto!
Não aguenta mais a agressividade verbal da esposa! Chegou a apanhar e levar mordidas. Perdeu amigos! Um verdadeiro pandemônio! O término culminou com Julia fantasiando situações, acreditando que seria abandonada, substituída, rejeitada. Tudo que Carlos fez foi chegar do trabalho, combalido, e deitar na cama. Não estava pra conversa. Julia tomou aquilo como pessoal. Carlos não entende como alguém que se diz uma amante obsessiva de animais de estimação pode se comportar dessa forma. Talvez seja só impressão, pois Julia não consegue calar a boca um minuto e é exagerada em tudo que faz e fala. Esse sentimento talvez não seja genuíno.
Depois do nascimento da criança, Carlos começou a enfrentar dificuldades para visita-lo. Julia mudava de casa com muita frequência, tinha dificuldades de manter um emprego e a ausência do filho começou a fazê-lo se sentir solitário. Perdeu amigos por causa de calúnia e difamação e sempre que visitava o garoto, Julia ficava em sua cola: queria fotos, ligar toda hora, inventava histórias, queria competir com o pai pelo amor do filho.
Carentes, impulsivos, mentirosos, promíscuos, abusivos, inconsequentes, manipuladores, suicidas, deprimidos, ansiosos, irônicos, verborrágicos, emocionalmente instáveis, controladores e ciumentos, histriônicos e borderlines causam destruição por onde passam! Não seja o próximo Carlos!
Seu nome é Carlos?