Último banco, embaixo de uma árvore, uma história que foi feliz mas...
Dessa vez me machucou mesmo.
Não que das outras vezes eu não tenha me machucado, porque me machuquei sim, ou melhor, me machucaram.
Só que das outras vezes eram apenas ilusões quebradas, e agora tinha algo concreto que se quebrou, um elo que colidiu, dois corações em um furacão, o seu eu não sei, mas o meu está destroçado.
Falam que o amor não correspondido machuca, mas pra mim oque mais dói é o amor que foi muito bem correspondido, e depois virou indiferença de um dos lados, virou solidão, virou ausencia, virou tudo lágrimas, virou coração partido, virou tudo oque você me prometeu que não aconteceria.
Sempre que estou passando por um momento muito intenso escrevo para aliviar a dor ou espalhar a felicidade, mas dessa vez o choque foi tão grande que eu paralisei, não consegui escrever o turbilhão de sentimentos que eu estava sentindo com tudo isso.
Não conseguir escrever... poxa!
Nunca pensei que isso aconteceria, mas se escrevo sobre não conseguir escrever, escrevo mesmo assim.
Meu peito arde, sangra, chora, grita calado, está em choque.
A gente sofre porque não espera o golpe das pessoas amadas, espera de quem não gosta da gente, de quem mostra inveja, rancor ou até mesmo ódio, mas de quem demonstrava amor ? A gente nunca espera.
Talvez por isso doa tanto.
A pessoa vai derrubando os muros devagarinho, ela vai entrando pelos vãozinhos das portas trancadas, vai entrando em nosso mundo, derretendo o gelo, domando o nosso coração, tirando a armadura, construindo pontes, fazendo a gente "baixar a guarda", quando você vai ver já era, já está amando, a pessoa já invadiu seu mundo de mansinho e você deixou, mas mesmo assim você se sente seguro e protegido, até que essa pessoa te machuque, e é aí que você percebe todas as barreiras que você deixou essa pessoa ultrapassar, o tanto do seu mundo que ela conheceu, o "eu" interior que ela invadiu e o quão vunerável você está, porque você deixou, deixou essa pessoa chegar até ai.
Mas ela podia ter chegado até ai e ter feito do seu mundo mais bonito, da sua escuridão mais iluminada, do seu preto e branco mais colorido, ela podia ter curado outras dores em vez de criar uma nova cratera em teu peito, ela podia ter vindo pra somar, multiplicar, dividir e fazer tudo isso mil vezes ao cubo mas ela preferiu te subtrair, subtrair o seu sorriso, subtrair a sua segurança, eu não sei se você sabe mas com toda certeza isso não é culpa sua.
A culpa é de quem não soube te cuidar e te amar da forma que no minímo você merece, e tá tudo bem.
Sim... tá bem!
Porque você não tem culpa pelo caráter raso do outro, pelo medo de navegar do outro, pela futilidade do outro, por essa pessoa preferir jogar e brincar do que levar seu mundo a sério.
Você não tem culpa.
A dor passa mais rápido que o arrependimento de não ter tentado, não ter se doado e não ter sido você, se agora dói, se agora sangra, se agora está afetado e ferido, pode ter certeza que você fez sua parte, e de forma alguma é culpa sua.