O QUE É FOUCAULT?

Afinal, o que é Foucault? Penso que já não nos é possível falar de um individuo historicamente determinado, muito menos de uma obra, livros ou da persona de um determinado autor.

Como sugeriu Deleuze, Foucault se apresenta agora como uma caixa de ferramentas, uma multidão ou, simplesmente, utilizando um de seus conceitos, como um intercessor. Foucault é também um acontecimento e um devir. Ele é o intempestivo, uma provocação que nos atravessa no tempo presente como um relâmpago.

O que nos afeta e agencia é um “dispositivo Foucault”, algo que o ultrapassa como corpo sujeito e como teoria, estabelecendo disibilidades e visibilidades na produção de subjetividades.

Pensar e fazer Foucault, utiliza-lo como caixa de ferramentas, é evitar intimidades e fidelidades, é buscar técnicas de cuidado de si, a marginalidade de uma escrita delinquente e descontinua que sempre desafia os limites do tempo presente.

Mas é claro que o “dispositivo Foucault” possui também suas estratificações e homogeneidades totalizantes, suas lógicas de arquivo, suas especificidades ético políticas, mesmo que predomine suas configurações heterotópicas na produção de contra estratégias de saber poder a partir de uma ética do cuidado.

De modo geral Foucault é uma inquietação, um modo de não ser sempre o mesmo, buscando sempre a dobra do mundo, as vertigens de pensamento, a exterioridade da linguagem. É questionar-se sobre o que ainda pode ser a filosofia depois de Kant, sobre o que estamos nos tornando. Abrigar-se sob seus Ditos & Escritos é sempre pensar a vida como obra de arte.