Errata

Ninguém mais se retrata,

por onde passo, justificação.

Uns com pouquíssima noção,

vivem em outra realidade.

Verdade?

Não sei de nada.

Seria melhor que eu ficasse parada,

presa no mesmo espaço-tempo?

Ou me deixar levar pelo vento,

que sopra mais forte pro lado contrário.

Deixo escondido no armário?

Trancado à sete chaves o pensamento.

Deixo para depois quando vencidos

já não valem o mesmo tanto?

Ou o calor do momento não vale a pena,

custa muito, me condena,

ao exílio, sem direito à anistia?

Me isolo, me auto consolo

com as poucas migalhas de juízo,

ou como os outros chamam "insanidade",

pois não faço sentido.

Onde encontrar abrigo,

quando poucos oferecem alívio,

entre tantos que diferem,

não conferem.

Me internem,

se eu não me enquadrar.

É melhor viver entre os meus,

que sumir aos poucos entre os seus.

Muita murmúria,

tanta lamúria.

Seria demasiado drama,

de quem se esconde da realidade atrás de uma tela,

aos olhos de quem se mostra impecavelmente bela,

e não entende viver de forma discreta,

de quem escreve bastante,

e cria quase nada,

tudo vem de forma copiada,

por sorte, meio certeira, também meio errante.

A verdade torcida como um barbante,

amarrando as pontas soltas,

para caber num molde.

Se eu um dia me enquadrar,

Me recorte desta página,

não quero ser lembrada por essa fórmula,

senão, talvez, pela errata.

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 10/10/2018
Código do texto: T6472904
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