A MADRUGADA E A MÁSCARA !!! (ALMIR PRADO)

Algumas pessoas usam a madrugada para dormir, eu uso para me reencontrar e dialogar. É na madrugada que eu converso com meus pensamentos e tentamos um acordo de quem eu fui, quem eu sou e de quem serei ao acordar. Um acordo deveras complicado, sempre rompido em ambos os lados. Canso-me de ser obrigado a usar máscaras. Necessárias. Ao final do dia, converso novamente comigo e entramos em um consenso que elas são indispensáveis. Todos utilizam mascaras para disfarças as próprias dores – ou encobrir resquício de felicidade. Apenas bons amigos conhecem as minhas mascaras e conseguem enxergar através delas. Sabem quando as coisas estão bem ou não. Eu gostaria de não usá-las. Mas o convívio social exige elas, quase ninguém espera uma resposta além do sim para o “bom dia, tudo bem?”; ou bem para “como foi seu dia?”. Mas nesse bom e difícil dialogo que tenho comigo em toda madrugada, sempre repassamos o quanto conseguimos sermos (ou tentamos ser) gentis com as pessoas e o quanto poderemos sermos mais, independente de qual mascara o dia seguinte precede ... sei lá ...