O DIZER CORPO
Não tenho qualquer pretensão de dizer algo que lhes pareça significativo. Pois sei que o entendimento de cada um é uma paisagem/imagem singularmente construída na unidade de um corpo que pensa. Corpo que se inventa miragem através de suas múltiplas simetrias orgânicas e vazios abstratos. O corpo vivo é movimento molecular e multiplicidades, é um pequeno caos convulso tentando manter-se contra todas as tendências a auto desconstrução. A própria vida é essencialmente um estado de alegre agonia. Então, qualquer coisa que eu diga enquanto corpo ignorante do acidente de seu proprio pensamento, seria o equivalente de um delírio, de uma consciência menor de si mesmo como potência, como virtualidade que, antes de produzir atos e fatos, artefatos linguísticos e materiais, produz a si mesmo como movimento. Ser é mover-se.... é apenas estar dentro de um instante que não se completa e replica a si mesmo. No fundo o binário tempo e espaço é um estado de confusão. Um corpo possui um vínculo secreto com todos os outros corpos que já existiram, existem e existirão. O mesmo serve para o ato de dizer. Nunca sou eu quem esta dizendo. Há multidões acontecendo naquilo que estou dizendo.