W.M.C

Para escrever sobre ele, de início pensei em dedilhar tristeza, preencher o papel com tudo o que se acumulou pela perda.

Mas revendo uma vida tão sublime não há possibilidade de manchar as linhas com histórias frias, não tem significado continuar em um estado de dor por alguém que espalhou alegria.

Contarei nestas linhas o que me lembro, era uma pessoa de um sorriso largo, de uma ingenuidade que beirava a uma criança. Uma pessoa tão pequena que conseguia ser gigante.

Se aprendi as primeiras letras na escola, com ele aprendi os primeiros passos da vida.

Não era meu pai, mas mesmo assim era pai de muitos, não se colocova na posição de autoridade, mas de aprendiz, encantou sem querer, viveu sem sentir, passou pela vida com simplicidade, e fechou os olhos para o ocaso, mas sua luz continua acessa.

Apenas dois pares de calçados, algumas mudas de roupas que eram como raízes em seu corpo, nunca desejou mais, pois tinha tudo.

Acaso foi daquelas pessoas vaidosas, mesmo com pouco era asseado.

Falhas? Sim, todos tem falhas, todavia suas virtudes estavam acima, se fosse posto seus defeitos na balança de Maat, suas virtudes penderiam para a sentença do homem justo.

Não gostaria de concluir, mas tudo tem um fim, se a vida chega a seu derradeiro fim, que dirá do papel, não o descrevo sem motivo, é só a forma que encontrei de deixar uma parcela ínfima de sentimento registrada aqui.

Obrigado por tudo.