Como votar bem?

Eu tenho um amigo que, como a maioria dos brasileiros, está revoltado com a classe política e os políticos em geral. Isso se deve aos escândalos de corrupção que a gente se acostumou a ver diariamente nos meios de comunicação desde a comoção pelo país afora causada pela morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, lá pelos idos de 2002. De lá para cá se agravaram as denúncias de toda ordem e teve inicio o caos, primeiro com o mensalão, depois o valerioduto, e então o propinoduto, seguiu-se o petrolão, a lava jato fase 1, a lava jato fase 2... Hoje estamos na lava jato fase 52 - Operação Cobra. Envolvidos neste caldeirão estão ainda o impeachment da Dilma Rousseff, as acusações contra o presidente Temer, as malas de dinheiro do ex-ministro Geddel Vieira Lima, a corrupção deslavada de Sergio Cabral no Rio de janeiro, a prisão por lavagem de dinheiro do ex-presidente Lula... Essa calamidade aqui apresentada muito reduzidamente “explica”, de certa forma, o descalabro nas contas públicas dos Estados e também da Nação, o número recorde de desempregados, a falta de confiança dos empresários brasileiros, a fuga de empresas estrangeiras do nosso país, o rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil junto às agências de classificação de risco internacionais, o aumento no número de brasileiros abaixo da linha de pobreza, a segurança publica arruinada, enfim, um caldeirão de problemas com poucas perspectivas de melhoras no curto prazo.

Estamos em ano de eleição - elas acontecem já em Outubro próximo - e estamos cientes de que a mudança para melhorar ou piorar o nosso dia-a-dia dependerá única e exclusivamente do nosso voto na urna. Se o voto for consciente e comprometido com um Brasil melhor, aumenta a chance de um futuro promissor.

Mas como votar bem?

Esse nosso processo eleitoral por si só já é uma calamidade. Pegue como exemplo os Partidos Políticos, nenhum deles tem ideologia própria; ou tem plano de governo montado e confiável para o caso de disputar e vencer uma eleição; as coligações que fazem entre si para terem mais força política diante dos adversários são, no mínimo, esdrúxulas, e se misturam tal qual uma salada de letrinhas, p.ex.: a chapa Alkimin recebeu o apoio de sete partidos, e ficou assim: PSDB + DEM + SD + PP + PRB + PR + PHS + AVANTE.

Para que o voto seja realmente consciente o eleitor precisará estudar quem são os integrantes de cada um dos 33 partidos hoje no Brasil, e se garantir de que o seu futuro eleito estará rodeado de gente honesta e competente pra facilitar o trabalho do seu governo e colaborar no que for preciso fazer em benefício do povo. Não é prudente achar que o candidato escolhido seja capaz de fazer sozinho as alianças necessárias e já lhe passar o cheque em branco antecipadamente sem analisar com quem ele está se filiando. É preciso se envolver, aprender, fiscalizar, aprovar pra, depois e só então, apoiar.

Nem quando se convive 24 horas por dia com uma pessoa dentro de uma mesma casa a gente está livre de conhecer uma atitude sua nova e inesperada capaz de nos causar espanto, uma hora ela pode nos surpreender e isso não é exceção. Todos nós temos nossos segredos ou ideias diferentes que muitas vezes preferimos resguardar para evitar discussão ou falsa interpretação; hipocrisia alegar o contrário, sendo assim, como confiar num desconhecido que invadiu a minha casa através do aparelho de TV se dizendo o mais qualificado para me governar? Sem saber do seu passado, das suas lutas, dos seus embates políticos, do seu padrão de vida e de como conquistou seus bens materiais fica muito difícil me garantir de que ele está dizendo a verdade. Precisarei me informar das suas ideias e intenções, o porquê de ter aparecido como candidato ao cargo em disputa, o que pretende fazer caso seja eleito, se tem experiência na vida pública, precisarei conhecer as competências e fragilidades no exercício das suas atribuições pregressas, se responde processo na justiça, se sua vida familiar é estável... só conhecendo bem o pleiteante terei condições de reafirmar minhas convicções e confiar de ter feito a escolha certa para lhe entregar o que me pede, o meu voto. Você se envolve a esse nível, caro eleitor? Conhece alguém que age dessa forma? Mas tem certeza que vem fazendo a coisa certa?

A minha maior birra em relação aos políticos, a causa que mais afeta a minha estabilidade, se deve aos altos salários e penduricalhos agregados que cada funcionário do governo recebe mensalmente. Seja ele do Poder que for: Executivo, Legislativo ou Judiciário. No meu entender todos mamam nas tetas do erário público com muita desfaçatez, e isso representam uma doença grave de enriquecimento indigno no nosso país. Vou pegar de exemplo um Deputado Federal que custa R$ 2 milhões aos cofres públicos anualmente, assegura o site congressoemfoco.uol.com.br. Esse ganho não pode ser qualificado de honesto, jamais.

Diz o ditado “não basta ao cidadão ser honesto, é preciso parecer sê-lo”. Não vejo nenhum dos honestos candidatos ao Legislativo professar que trabalhará para acabar de vez com essa tragédia - R$ 2.000.000,00 anuais -, isso é o cúmulo do absurdo. É por isso que falta recursos e não temos Escola integral para todas as crianças, nem saúde decente para todos os brasileiros... Seja ele um candidato novato ou um experiente parlamentar em busca da reeleição, sem o professado comprometimento com a moralidade não levará o meu voto. Voto nulo, mas não dou legitimidade a essa imoralidade, a essa ruína financeira, a essa afronta pública. Quer enriquecer, vá trabalhar na iniciativa privada. Roubando do meu suado dinheiro é que não pode. Mesmo que ele me seja usurpado do bolso a titulo de contribuição pro Governo, o seu uso deverá ser pra melhorar a minha condição de vida e não pra causar a minha desgraça.

Dilucas
Enviado por Dilucas em 11/09/2018
Reeditado em 22/10/2021
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