UM TERNO PASSADO
E daí, só o que restou
foi lembrar...
Talvez eu pense demasiado no passado, apenas por nunca ter tido esperança de ter um futuro.
Eu não achei que eu fosse chegar tão longe e cheguei.
Longe, porém, de mãos vazias
Quando eu morrer, caso haja um corpo, caso haja um funeral, quero também que haja algo em minhas mãos.
Pode ser uma fruta. Maçã. Não. Um abacate. Não. Banana. Não. Pode ser uma foto.
Tem uma que, em segredo, guardo há exatos dez anos. É pequena. Assim como a musa na foto. Olha eu, de novo no passado.
É uma perfeição não termos um botão de desligar ou um pulverizador interno que nos faça sumir em qualquer brisa do vento frio. Eu sei que se houvesse a chance, eu teria apertado esse botão faz tempo. Eu já tentei, mas por não ter o botão de desligar, foi mais doloroso do que pensei. Eu só queria saber se lá na frente, lá longe, no futuro, vai ter válido a pena continuar. Só desejo me sentir leve e livre desde corpo a qual fui abandonado ao nascer. Quando eu me for, só espero uma nova chance pra viver e terno passado.