Cena doméstica
As roupas passadas estavam sobre a cama. Fui guardá-las. Ao pegar um lençol percebi que só estava passado na parte dobrada para cima. Comecei então a abrir outras roupas e constatei que o mesmo se dava.
Naquele momento, resolvi então passar novamente as peças. Mas, um sentimento de tristeza se apoderou de mim. E pensava: "Pago para que a passadeira realize o trabalho e vejo que ela simplesmente faz de conta que labuta. Será que ela pensa que eu não mereço ter um serviço bem realizado? Será que ela pensa que não perceberei a diferença de uma roupa passada ou simplesmente dobrada?"
Devido a uma LER no braço direito, deixo esta tarefa para ser feita por outra pessoa. Pago o que ela pede porque se ela não fizer eu não tenho tempo nem disposição para realizar a atividade.
O ocorrido me fez pensar em todos os trabalhos realizados no mundo. Quantos e quantos colaboradores realmente cumprem o que prometem ou o que são pagos para fazer? Isto, sem dúvida, é uma forma de roubo. E somos então constantemente roubados quando compramos por exemplo um eletrodoméstico que não foi produzido da maneira deveria. Se a construção de uma casa não foi edificada como deveria. Se a cozinheira não preparou os alimentos de forma a oferecer a melhor refeição que poderia...
Nesta reflexão percebo também a importância de eu entregar meu trabalho da melhor forma possível. Ainda que eu não seja paga da forma como deveria, aí, o problema não é meu. É de quem não cumpre o que deveria, mas eu tenho a obrigação de fazer meu melhor. Se aquele que deveria me ressarcir pelo trabalho não o faz, devo então procurar outro que o faça, mas jamais deixar de executar o que me cabe. Esta é a lei.