COMPLEXO DE ÍCARO
E de repente, lá do alto... caí
E despenquei
Visto que por demais subi... e subi... e subi
E assim... desci...
Na verdade, aonde fui... despenhei
E no chão... esborrachei
E a vida, ah, como agora ri de mim!
A gargalhar de minha lastimosa ruína
Mas, para quê deveras quis estar-me lá em cima?
Apenas por vaidade?
Mesquinha ostentação?
Quando me ergui de minha mentiros’altura
No falso aclive de meus anseios
E já de lá eu me perdi
Cegueira d'alma
Perfeição!
Ser melhor!
Quão grande arrogância!
Ah, e eis que caiu o mais lindo de todos os anjos!
Ou como Ícaro a voar com suas asas de cera
Coitados!
A precipitarem-se do mais alto dos céus
E como ambos se feriram!
Ah, nefasta loucura!
Oh, ridícul’orgulho!
Todavia, quantos querem lá no topo do mundo... estar
Não tanto lá em cima,
Mas somente acima... d'outros
Humildade!
Quantos não vos amam!
E portanto, o Poder não merecem
Porém a vida pede a perfeição
Ao que o próprio Cristo a sugere:
“Sede perfeitos...”
Todavia, para quê?
(ao que retorno à questão)
Ser melhor
Para a outros
Vede o que decerto se deve
E jamais ser... melhor... do que... os outros
Alguém teria a coragem de descer de seu topo... se seu tolo ego?