Escuridão Necessária

No oculto obscurecer do Universo, há matéria negra aparentemente pouco importante, mas pergunta-se: “ Que seria essa matéria negra de densidade enigmática tal e qual a água dos oceanos? Será que apenas a luz afeta a vida aqui? E em outros locais no Universo, será que a luz consegue sobressair sempre, como ocorre neste mundo?

Que diríamos da oculta e obscura capacidade dessa matéria aparentemente morta ou inerte entre as luzes das estrelas, cometas e corpos celestes? Até onde sabemos ou dominamos conhecimento sobre tal substancia negra e inerte do vácuo espacial? Exerceria efeitos sobre nós, tal substância, tal qual tem a luz solar sobre a vida nesse planeta?

Essa matéria negra, escura e aparentemente sem forma, que embora demonstre ser nula, age sob uma dinâmica similar a da água. Já se perguntou, por que o abismo marítimo revela uma profunda reflexão de tal substância? Já imaginou que com a transparência da água que reflete o céu azul (no dia) e depois negro (á noite) distancia-se cada vez mais da transparência natural da composição da água quando limpa?

No espaço, o vácuo e escuro da matéria negra, revelam-se tão densos e multiformes, além de inconstantes. Quais efeitos surtiríam sobre o planeta, além do resfriar da crosta terrestre e superfície marítima? Haveriam efeitos psíquicos sobre nosso comportamento?

Essa escuridão que parece frágil diante de cada astro, deixa-nos intrigados sobre sua atuação. Será que combusta ou não? Essa matéria que permite vivermos aqui, também se mostra tão interiorana e tão óbvia na lógica cíclica da nossa vida e existência. E por que?

Dentro de cada um de nós, há parte dessas trevas necessárias onde que guardamos nossos órgãos sistemas e sangue. Guardamos e escondemos da exposição exterior, protegendo com veias, nervos, musculatura, gordura epiderme e pêlos, pois é trivial. Protegemos essa escuridão.

Pense no nosso interior como uma colméia carregada de abelhas que sistemicamente mantém, á determinada freqüência, o líquido e a reprodução de funções de cada um dos insetos sincronizados á sua abelha rainha.

Se nosso interior estivesse fragilizado e exposto, estaríamos exteriorizando o desnecessário. Tirar de dentro destas trevas, aquilo que guardamos no interior de nossos corpos, causaria nosso adoecimento e morte. Uma morte súbita, onde o corpo aberto estaria a invasão infecciosa de todas as bactérias e vírus da superfície, sem contar os insetos que se sentiriam atraídos rapidamente pela situação.

Sem filtragem dos pulmões ou das queimas e reações químicas básicas da saliva e ácidas do sucos gástricos, junto com essa escuridão, provavelmente não sobreviveríamos. Está imerso nesta escuridão o ambiente necessário a produzir em nós a vida. Essa escuridão que alimentamos diariamente com as carnes mortas e vegetais que comemos. Essa escuridão tão carregada de energias. Essa escuridão regada à água e ar tão necessária para manter o nosso existir. Tão necessária pra manter nosso calor interno...

E por que desprezar tal escuridão? Por que vilipendiá-la tão discriminatoriamente? A mesma escuridão que nos acalenta no sono com descanso e revigora nosso corpo, e que também nos envolve á volúpia dos instintos sexuais é responsável pela atratividade dos sexos opostos. A escuridão do coito carnal sexual que nos excita e ensoberbece a nossa necessidade animal obter prazer e reproduzir.

Seriam essas trevas responsáveis pela capitação da luz? Nossos olhos, com sua pupila tão negra e protegida pela iris... a captar e absorver a luz para dentro de sua escuridão necessária, que projeta em nosso cérebro as imagens das coisas e dimensões deste mundo que acreditamos ser a verdade visível.

Se sentimos uma atração pelo fogo diante de uma fogueira e pelo movimento do mundo entorno do fogo solar, deveríamos passar tempo no escuro e no silêncio para admirá-lo do mesmo modo. O corpo humano está imerso nas mesmas trevas em sua origem. Rodeando e protegendo a semente e a fecundação. O útero é o abrigo de escuridão necessário a gênese e local onde ocorre a primeira troca. O primeiro caos multicelular da gestação.

Por que desprezar a escuridão se ela mostra-se tão necessária para o surgir da vida? Vir à luz, sobressair, caminhar, movimentar e depois sucumbir a última escuridão da morte, onde somos enterrados e onde fecham-se nossos olhos para a luz sobrando apenas as recordações em memórias de um cérebro imerso na escuridão da caixa craniana.

Dedicada a Nyx, e ao vácuo sombrio espacial

30/12/2016

Glaussim
Enviado por Glaussim em 22/08/2018
Reeditado em 22/08/2018
Código do texto: T6426299
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