Não saber/ não querer saber.

Reflexões sobre quando "não sabemos fazer algo que precisamos e chamamos alguém para nos ajudar".

"Se lembrarmos dos primeiros momentos que vivenciamos essa situação, pensaremos nos nossos pais. Eles nos auxiliavam com prazer, com intuito de educar da melhor forma possível, desde o básico como começar a andar até lidar com complexidades mais habilidosas para crianças, como amarrar os sapatos.

Assim, através desses ensinamentos agregamos o conhecimento de saber e também o entusiasmo em partilhar, e aos poucos, desenvolvemos mais independência, arejados em prazer de aprender.

Em um segundo momento, nos deparamos com situações mais complexas, que envolvem saberes mais complicados como construção de casas, aprender karatê, música, física, política, matemática... Em que nossos pais sentem que não acreditam terem a melhor forma de ensinar aos filhos, então combinam com alguém mais apaixonado ou instruído que ele, que consiga ensinar melhor aquilo que eles não tenham paixão a oferecer.

E num terceiro momento, temos a ação com escassez de paixão. A ação que ninguém quer executa-la e, por isso, imploramos por existir alguém que esteja necessitado de dinheiro para fazê-las. Pois são tarefas consideradas extremamente enfadonhas. Mas ainda tão necessárias quanto as ações que deliciamos.

Então temos os três:

- os conhecimentos básicos onde encontramos muito amor ao ensinar.

- Temos os conhecimentos mais avançados que precisamos das paixões de outras pessoas pra ensinar,

- e ainda as ações enfadonhas, que ninguém quer executar.

E com essas necessidades e vontades e habilidades, criamos as relações de desenvolvimento do saber.

Esse é o básico para desenvolver a alma com o querer.

Agora avançando mais o pensamento:

Ainda temos os saberes pessoais, que podemos inventar coisas através da nossa própria riqueza de visão de mundo que refina a esfera do conhecimento global.

Ou ainda outras bandas de sentimentos e pensamentos; respostas vivenciais, ( namorar, ser mãe, ser filho, irmão, apaixonar, realizar, etc) que são os saberes que alimentam a nossa alma, e dela que brota nossa alegria de viver.

E também saberes que conquistamos sendo nós mesmos. Sendo legítimos. E nos amadurecem a alma, que simplificadamente chamamos de "viver a vida".

Existe o conhecimento do mundo, da natureza, do nosso corpo, do universo; conhecimentos que sonhamos procurando aprender sua forma de ser, como eternas crianças alcançando perfeição dos pais, da natureza ou do que há além. Esse tal adulto ainda aprendiz, que observa, ouve, sente, cria, re-cria e prova tudo que há.

Mas como fica a pergunta: "quando não sabemos fazer algo que precisamos e chamamos alguém para nos ajudar?".

A segurança de ter alguém funciona até o limite de decifrarmos esse enigma natural que nos envolve.

Engatinhamos nesse enigma, na vivência pessoal e legítima.

Mas todos os saberes chegam em um lugar que pode saciar a sede de saber mas não necessariamente a responde.

E nessa não-resposta, ao procurar saber-la, o que ainda não há, sem qualquer referência, um ir além do limite desse nosso humilde descampado infinito...

Pois é ali nesse lugar, que começamos a trilhar o caminho de sermos completamente humanos.

Ali além das trilhas do saber, onde não cabe mais distinção entre medo e coragem,

ali tornar-se-á o humano adulto,

Aquele que torna-se verdadeiro parceiro

Cidadão do mundo."

FlávioDonasci
Enviado por FlávioDonasci em 18/08/2018
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