Cemitério
Os cemitérios da cidade
Guardam preciosidades
Não meramente pessoas
Que partiram
Corpos sem vida
Há cemitérios que guardam
Cantores de timbres únicos
Que nunca ousaram cantar além dos seus chuveiros
Existem nos cemitérios
Jogadores que atuariam nos melhores clubes
Caso levassem adiante as peladas eventuais
Quantos escritores se foram
E com eles ótimas publicações que sequer foram escritas
Quantas incontáveis bailarinas
Que se esvairam pelos desafios, tantos recitais que não aconteceram
Quantos cientistas estão nestes cemitérios
Levando consigo as descobertas de cura de muitas doenças
Os cemitérios das cidades são ricos
De sonhos que foram sonhados
E abandonados pela insensatez
Quantos tesouros guardados
Talento desperdiçado
Pois muitas pessoas não acreditaram em seus sonhos, vocações, dom,
Não escutaram o pulsar de seus corações, pedindo por viver algo novo,
Aquilo ao qual foram realmente feitos pra viver
E quando se deram conta
Se é que se deram conta disso
A vida se esvaiu
E a riqueza daquela vida promissora
Chegou ao cemitério
Onde mil outros
(Quase) foram
O que deveriam ter sido...