As pessoas para quem eu mais abri meu coração foram as que mais me feriram e me fizeram crescer
Estiveram presentes. Me fizeram acreditar em uma ilusão, em um mundo desconhecido. E quando se ausentaram, o meu mundo brilhou com mais luz.
No fundo, eu sabia que a luz era uma parte de mim que eu não via. Uma parte em que eu deixei de ver. Deixei de enxergar o meu olhar para me ver com os olhos dos outros. Fazendo-me acreditar em ilusão, e deixando de ver o que estava em mim. Cobrindo os meus olhos daquilo que eu precisava enxergar.
Esconderam o meu amor. Idealizando um amor dos outros, nos outros. E quando se ausentaram, eu pude perceber que tudo existiu em mim. Tudo estava em mim. Tudo partia de mim. E assim, queriam apagar o que de mim sobrava.
Eu abri meu coração e entreguei uma parte de mim - só podemos dar o que possuímos. E assim eu dei amor. O amor mora em nós.
Descobri o amor de uma forma amarga, de uma forma esmagadora. De uma forma em que meu coração se desfez em pedaços. E quando comecei a juntar os meus cacos, eu pude ver e perceber o AMOR ali, o amor em mim.
O amor sempre está em nós. O outro só acende a chama do amor em nosso ser. E todas as vezes, ou em algumas vezes, que o meu amor se acendeu, o meu coração se quebrou. E na tentativa de juntar os pedaços é que me vejo e me descubro.
O amor sempre existiu em mim. O que não existe e me fez repensar foram ilusões criadas em nome do amor. Isso me fez perceber o estrago de uma descoberta que era para ser amor, mas só existiu ilusão.
E quando juntei os meus pedaços, quando juntei todas as partes do meu coração, eu pude ver que amei, de outra forma, outras pessoas. Em poucas palavras, em poucos versos, em poucos minutos... E aproveitei algumas poucas vezes para deixar o meu amor seguir. Seguiu, partiu e voltou.
Em cada gesto de carinho podemos dar amor, podemos passar amor, sem nem mesmo partir o coração. Devemos entender que o amor está sem nós - sempre em nós. O outro acende a chama de amor, a vontade de amar. E quando esta chama é misturada por uma ilusão e não por um simples amar, o amor se despedaça. E na tentativa de juntar, muitas vezes, deixamos de viver e de amar de uma forma tão simples.