Pequena Gigante
Pequena gigante
Pacata é tua tez
De céu colorido infinito
Nos tons azul-lilás do pôr do sol
De dias assim não tão quentes
Teu ribeirão
E tua ribeira cortam o cinza
Que cresce indecente
Entre o verde-folha que circunda a tua nobreza gigante
Diante do pensamento pequeno
De teu povo que se acha importante
Mas continua a agir impotente
Em razão do egoísmo inerente
Que habita em seus poucos mil habitantes
Mas teu semblante é de paz
E de uma paciência sublime
Nos teus limites distantes
No silêncio perturbador da neblina
Que sem aviso
Cai serena
Dificultando a visão dos caminhos
Dessa imensa cidade pequena
Difícil é não amar
Cada pedaço de chão que te compõe
E a tua cara
É a minha cara
Meu refúgio seguro
Nesses confins perdidos no mundo
E de cada minúscula casa
Que meus olhos contemplam de cima do teu mirante
É nesses instantes que sou mais feliz
E minha alma mais vibrante
Quando atravesso teu portal
Abro também os meus portões
E deixo para trás o caos
Observando o trem a deslizar na ferrovia
Aorta do coração dessa cidade que pulsa
Abrigo-me em touca e blusa
Ignorando a tua umidade fria
E já não me sinto vazia
Porque tua calma parece oração
E nos pássaros que gorjeiam ao entardecer
Deixo para trás qualquer menção de sofrer
Fazendo refúgio nas horas
Que passam
E desfilam como elegantes senhoras
E me fazem amar-te sinceramente
Na beleza e na dificuldade
Que te tornam Ribeirão.
E há um sentimento assim serrano
Que te faz bela e além
Ainda maior que as outras cidades
Quem de ti foi embora
Não esquece
E quem não te ama
É porque ainda não te conhece.