Prosa de pai?! Eu nem sou pai.
Muitos me perguntam por que eu ainda não constitui família?! Por que ainda não sou pai?! Mencionam que já tô ficando velho e que a hora é agora. Quanta ingenuidade popular! Felizmente, não tenho esse tipo de pensamento, embora a ideia de permanecer sozinho não passe jamais pela minha cabeça. Mas... tipo assim, pessoas curiosas quanto a esse quesito sobre mim, eu sempre fui responsável nesses aspectos, principalmente porque a minha infância e adolescência não foi fácil. Na verdade, a minha vida não é fácil, e não quero que minha prole passe pelas mesmas dificuldades que tive na infância, pelas mesmas faltas do básico para a sobrevivência (água, luz, comida, etc; não tenho vergonha alguma de mencionar isso por aqui; é conhecimento também, de uma certa forma), vontades de infância não correspondidas, pelas desavenças familiares e sociais que fui obrigado a conviver, e sobretudo, sem um pai por perto, fato que até hoje não mudou. Se algum dia acontecer, vai ter que ser com a mulher certa, aquela que aceite ficar comigo e com os filhos pelo resto da vida, apoiando, dando afeto, amor e carinho. Se eu conseguir "derrotar" todas essas adversidades que passei e sei que meu filho vai passar, caso eu faça algum apenas por esporte ou prazer, sem planejamento, aí sim, talvez eu encare essa responsabilidade. Muitos vêem isso como uma rota pra felicidade, uma forma de mudar de vida, um meio de deixar sua "marca" aqui na terra, ou simplesmente por fazer mesmo e pronto. Eu vejo isso como a maior de todas as responsabilidades. Fazer filhos por fazer nunca foi um conceito vivido por mim; és o fato de estar somente com a minha companhia até hoje. Por umas três vezes, tive chances; passei umas noites sem dormir, pensando nisso. Felizmente não aconteceu. Não tô preparado! Já obtive comentários de que eu seria um bom pai, principalmente por causa do meu jeito sarcástico e brincalhão. E poxa, sempre dei certo com crianças. Dentre alguns poucos relacionamentos que tive com mulheres que já possuíam filhos, a maioria me adorava, gostava mesmo de mim. Ainda tenho nas memórias o último que tive o prazer de pegar no colo, oito anos, já era "cavalo" (grandinho), mas foi algo único. O mais perto que tive de ser pai em toda minha vida! Mas... não é a hora! E só eu, apenas eu sei disso. Então, não adianta vim com esses papos. E se for pra ficar "sozinho" (sem constituir família, porque sozinho eu sei que nunca vou ficar, porque tenho meus irmãos, alguns primos legais e amigos), também não vai ser de total tristeza e lágrimas; devemos lembrar que gerando o nascimento, geramos também à morte. Vendo pelo lado positivo, nunca terei de passar pela dor do luto de perder um filho... esposa. A naturalidade das coisas já é cruel o suficiente quando perdemos mãe, pai (não é o meu caso), irmãos, primos, tios, etc. Ficarei desprovido deste luto. Mas enfim... ninguém conhece o destino futuro, mas podemos ser responsáveis o suficiente para não complicar ainda mais nossas vidas e nem a vida da pobre criança, que não pediu para nascer e nada tem haver com o momento de deleito carnal. Talvez eu seja frio e cruel neste quesito, mas se pelo menos uma pequena parte do planeta pensasse assim, não haveria tantos problemas de mortalidade infantil e desgraças sociais que atualmente os governos lutam tanto para extinguir. Seria um planeta mais leve, tanto na consciência, tanto na população.