Quando a vida imita o facebook
Tem hora que a vida parece uma tela de facebook.
Tudo indica que temos muitos amigos, mas cada um narra suas próprias histórias em seu mural. Curtir é ser curtido e ser visto é mais importante do que enxergar.
Há mais conselhos do que diálogos. E o interesse de amontoar gente perto do que estamos realizando parece ser a motivação de muitos contatos.
Nos empamturramos de monólogos e a alma continua pedindo alguém pra ouvi-la, e alguém que ela possa escutar.
Cada passo precisa de publicidade, talvez porque nossa carência exija isto de nós.
Desfilamos nossa solidão. Acenamos no meio de um mar branco, esperando que alguém mergulhe para nos encontrar.
Corremos os olhos sobre a vizinhança pra descobrir se a nossa grama está mais ou menos verde. Sonhamos em ter fotos tão felizes quanto as que foram postadas há 10 minutos.
E mesmo sem percebermos, o nosso desespero vira frase, texto, foto, conto ou indiretas lançadas no vazio de um universo que só é menor do que o nosso medo de sermos incompreendidos.
Abraçamos o impessoal!
Amamos o genérico!
Pedimos ajuda para o abstrato.
Procuramos navegantes com tanta loucura que fica difícil notar que naufragamos faz tempo.