Sintonia

Às vezes posso ouvir as vozes das pessoas dentro da minha cabeça, como se as lembranças se transformassem em punhaladas na minha alma, que incessantemente busca meios desesperados de estancar a sangria.

Nessas horas, quando sinto a pontada dos punhais feitos de fonemas, eu aumento o volume da música e passo a escrever. Tento transformar a dor que ninguém entende, em uma beleza que ao menos consigam ver, que ao menos possa ter algum significado, algo que possa sintonizar minhas dúvidas, medos e angústias com aqueles que leem.

O momento em que não preciso sorrir disfarçadamente, ou tentar ser perfeito com medo de que todos se afastem, o momento em que solto para o exterior todos os meus monstros antes que eles me consumam por dentro.