QUANDO JOÃO GILBERTO CHEGOU...

03 de agosto de 2018

14:32

Quando eu tinha uns dezenove ou vinte anos de idade, percebi que existiam coisas tão maravilhosas quanto o Rock no mundo música. E eram muitas... eu me senti diante de uma biblioteca infinita em que todos os livros eram maravilhosos e fantásticos. Os CDS “abandonados” de meu pai e minha mãe, alguns também do meu avô, estavam ali dando sopa, no corredor... empoeirados, porém conservados... eles estavam me aguardando... Peguei um deles. Olhei aquele cara na capa... de terno e gravata, todo almofadinha... meio careca, sorrindo timidamente. Era João Gilberto.

No momento em que ele começou a cantar e tocar e eu vi que era Bossa Nova, achei estranho, pois até então, pra mim... Bossa Nova era coisa de velhote-bebedor-de-uísque. Mas o fato é que eu não conseguia interromper o som... e não conseguia também parar de escutar e de prestar uma ENORME atenção, por um só minuto. Eu não conseguia parar de amar aquilo. Todas as letras, todas as notas... toda aquela coisa tão complexa, disfarçada de coisa tão simples. Eu ainda não sabia, mas meu corpo e meu espírito sabiam que aquele dia me mudaria pra sempre.

14:45

Agora, mais uma vez, estou aqui, sentado numa tarde calma e quente. Bebendo uma água deliciosamente gelada, encarando d’um lado, o meu gato dormindo no sofá. E do outro uma planta de plástico, que se balança por causa do sopro de um ventilador pequeno, mas que parece dançar... escutando João, tocando canção “BAHIA COM H” (e me deixando com saudade de alguns pontos bem específicos de Salvador).

Em momentos assim (raros momentos!), a gente precisa matar aquele ser idiota que vive dentro de nós reclamando de tudo e achando que tudo no planeta está podre. A beleza está aí... com suas notas soando por todos os lados.... e como diria um tal de Jesus Cristo “quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”.

H.B