O TEMPO
O tempo é mesmo muito poderoso, divino e frio como um iceberg. É uma canção infinita e longa, que ás vezes me acalma outras vezes me destrói e me atordoa. Não me parece ser coisa desse mundo, esse tempo que me rói, que me inveja e me vigia dia e noite, querendo aprender, como eu morro calado de amores. Nesse ponto, meus olhos tristes lagrimejam, da um aperto no meu coração e minh'alma se ausenta emudecida e fria, pois, os grandes amores, sempre terminam no escuro, sozinhos. O tempo que me cura das feridas é sempre o mesmo, demora muito a passar, enquanto a dor que me tortura, parece não ter mais fim. Como dói, o que sinto nesse momento... Meus olhos não se cansam de chorar e até já me esqueci de quem hoje sou na realidade. Ás vezes penso que isso tudo algum dia passará, e assim, quem sabe, eu poderia dar alguma resposta a esse tempo que me rói, que me inveja e me vigia dia e noite, querendo aprender, como eu sofro calado de amores. Procuro dar resposta, a esse impiedoso tempo e me despertar para uma nova vida, mas, a saudade de tudo aquilo que eu não vivi, e o que ainda está por vir, fazem me frustrar. E envelhecendo, percebo claramente que o tempo é senhor de tudo, é mesmo implacável, não perdoa a nada e que nada posso contra ele, pois sou carente, pequeno e frágil. Reconheço também, que minha vida é cheia de grandes falhas, pois as sinto, até no coração. E esse tempo que nunca para, que nunca se cansa de passar e por mais impiedoso que a mim ele seja, ou ainda, por mais que passe, ele nunca conseguirá apagar nada em minha vida, pois me lembro de episódios e de inúmeras cenas, de quando ainda tinha muito pouca idade. Ás vezes sinto-me triste, com a perda de algum amigo, ou de um ente querido, e, nesse momento, percebo que o tempo não perdoa a nada, fazendo me exilar com as várias perdas em minha vida, entre elas, os amores que se perderam nas brumas desse mesmo tempo impiedoso. O tempo destrói os sentimentos fugazes e passageiros, as coisas mais mesquinhas e vulgares, mas porem, esse mesmo tempo, tão feroz e ligeiro, não conseguirá apagar os sentimentos puros de minha infância e juventude, assim como também não apagará os sorrisos das inúmeras crianças que um dia também passaram em minha vida, me mostrando a direção de um novo caminho, ou ainda, a lembrança viva dos amigos que nunca mais encontrarei, dos parentes que fizeram parte de minha vida e que também se foram pra não mais voltar, e mesmo assim, ainda continuam bem perto de mim, gravados em minha memória, e isso nada, nem ninguém, conseguirá apagar, nem mesmo o próprio tempo, assim como também não se apagarão de minha vida, os bons conselhos e orientações de meus pais, que ficaram registrados para sempre em todas as minhas células, em todos os meus neurônios e em toda a minha alma.
Porteirinha (MG), 04 de agosto de 2018.