Renascimento





Na lama sangrenta,
Adornada no carmesim,
Ferida por fora, quase morta por dentro,
Não tinha outra hora para que de outra forma
Teus olhos fitassem os meus,
Os meus, entregassem aos Teus todos os instantes desmazelados os quais eu vivera.
Na tamanha ingenuidade que já não cabia mais a minha idade,
ainda ao chão,
ergui minha mão sem balbuciar uma palavra sequer,
foi do meu coração que soou o bramido,
Foi ali, que me encontrastes, na posição fetal,
que chegastes tão amorosamente para meu novo Nascimento registrado no lamento de que poderia não ter sido tão estrondoso meu morrer na lama,
meu passar na Tua Chama,
para que toda crosta ressecasse na vivacidade do Teu lampejo,
para que Teu Bálsamo fosse derramado,
umedecendo assim, toda minha pele ressequida e,
como criança recém nascida eu brotasse do Teu Amor Maior.
Eu chorava muito,
Em panos brancos como a neve,
bordados com fios de ouro,
Fui acolhida, agasalhada.
Renascer dói,
A visão muda,
E mesmo ainda tão miúda, desse novo nascimento,
Tive que aprender a andar nas cordas bambas da vida com muito cuidado,
Não caio, e se caso acontecer, prostrada não fico,
Ele me ergue com afinco, sustenta,
há tanto querendo tragar,
Meu olhar não é para a direita nem para a esquerda,
Meu olhar é o Alto,
Até que tudo aqui passe.
Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 01/08/2018
Reeditado em 17/12/2020
Código do texto: T6406355
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