Em Vista do Amor
Sucede em mim um imenso embaraço de apalavrar-me do amor. Aparenta ilusoriamente ser acessível ao meu pensar, ao dizer o que constato sentir a minha bela amada. Há um rigor de complexidade nesse sentimento, pois não se resume com um simples conceito identificado por uma perspectiva. Subjetivamente, atentarei a refletir esse sedutor e caótico sentimento, que de tal júbilo, engrandece aqueles no qual reside essa afeição.
De certo ponto, amor é um rastreio mútuo de amor. Aquele que ama, deseja ser amado, e inversamente. Inconscientemente, no amor, há sempre uma fantasia, donde ignora-se a realidade, no qual, ocorre uma tentativa de perdurar os planos ilusórios imaginados. Quando o evento não sucede o almejado, o fracasso toma-lhe conta de seu âmago e é derramado pranto. Eros torna-se uma fonte da juventude em transpor o desejo à disposição. É percebível que este sentimento é vitalizante, no qual, pode-se utilizar como sustentação, pois, desarticulamos e equacionamos as adversidades existenciais de nosso ser.
Insistiria a afirmar que é um acontecimento enigmático, a priori, a partir de uma óptica de dois e não mais de um. Ocorre sempre uma tentativa de plenitude que permeia no intelecto daqueles que amam. Aqueles que se amam presumem se complementar. Adiante, é no objeto de amor que possibilita acaçapar as imperfeições, defeitos e tão qual, da inépcia. Ora, se há um sentimento de plenitude e de acobertar nossas imperfeições, o amor torna-se um lugar. Pois é nele que o indivíduo desenvolve um encadeamento de identidade e identificação. É na identidade que poderemos nos caracterizar com o outro (amado) e é na identificação que reconhecemos, encontramos e nos assemelhamos em um espaço desejado. E é nele, é no ser amado que nos situamos.
“O amor é formado por uma única alma habitando em dois corpos”
(Aristóteles)