Senhor Ninguém

Senhor ninguém

Seus sapatos desgastados e camisas justas

Defasado e desgastado

No escritório suas observações passam em branco

No escritório suas ideias se diluem em cloro misturado com matéria orgânica

Almoços baratos e está cercado por conversas baratas

À mesa suas observações incompreendidas

À mesa suas ideias se diluem em cafeína e aspartame

Senhor ninguém

Relatos informam que demasiado se encontra em destempero

Relatos informam que explora os provedores de sua existência

Ele observa

Não vê a hora de sentir o sangue pulsar em suas veias

Os carros estacionados lhe parecem alinhados com sistemas planetários

Distantes

As contas correntes se poupam da abundância perene

Flutuante

Senhor Ninguém

Observa reclamarem como ninguém especialmente se encontram

Alguém

A inércia vai consumi-lo

Não vê a hora de sentir seu sangue escorrer pelas veias

O metrô lotado lhe parece desalinhado com sistemas humanitários

De antes

Senhor Ninguém

Invisível e responsável preferia café ao vinho

Relatos informam que seu sangue a escorrer havia ocorrido

Relatos informam que se integrou ao sistema do universo

Em partículas.

Rafael Wingert
Enviado por Rafael Wingert em 31/07/2018
Reeditado em 31/07/2018
Código do texto: T6405685
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