ninguém morre de saudade
Eis um dia que
poderei não sentir saudade
Nesse dia enfim
serei corpo frio
Com as mãos cruzadas
em meu peito;
Cheiro de flor tem a saudade.
Quando esse dia finalmente chegar,
O dia em que não sentirei mais saudade
Será enfim o dia que a terra irá me engolir
Pois de saudade se vive.
Ninguém morre de saudade.
E por entre lápides e flores
Dos túmulos aos murmúrios
As almas pairam sob suas ossadas,
Aos ecos ocos.
O silêncio que venta
É o mesmo que cala
E das lágrimas mornas que inventam a ausência,
Ali mora a saudade
E é dela,
É dela que nascem os mais belos e tristes poemas.
Quando distâncias teu corpo
É quando ja não se sente o calor.
O frio brota, como chuva fria
Em dias de ventania
E de saudade se vive ...
Ninguém morre de saudade;