NOTA SOBRE DELEUZE E O CINEMA
“O fato moderno é que já não acreditamos neste mundo. Nem mesmo nos acontecimentos que nos acontecem, o amor, a morte, como se nos dissessem respeito apenas pela metade. Não somos nós que fazemos cinema, é o mundo que nos aparece como um filme ruim.”
Gilles Deleuze in A Imagem Tempo (Cinema 2)
No modo como Deleuze fala sobre o cinema, tão influenciado pela filosofia de Bergson, o afeto não é um dado da percepção ou da representação. Mesmo eventualmente relacionado ao passional ou ao subjetivo, ele não se confunde com a ordem do pensamento. Ele é um outro tipo de informação que instiga a perceber e pensar de forma diferente daquela a qual estamos habituados, que parte da indiscernibilidade entre sujeito e objeto, entre pensamento e corpo, estabelecendo o impensado de um pensamento afeto através de dois regimes de imagem: a Imagem-movimento e a Imagem-tempo. A própria matéria é um conjunto de imagens que nos afeta sem qualquer distinção entre o virtual e o real. Em poucas palavras, o cinema nos oferece a potência do falso... imagens que pensam.