Amares que vêm pro bem
Não conseguir acompanhar a velocidade do mundo é constatação vencida. Minha atualização expira todo santo dia.
Percebo a pressa da existência ao mesmo tempo em que me ocupo de embotar esta noção. Freio a percepção da passagem das horas, amando.
Perco fôlego, forças, fluência de pensamento dando de cara o tempo inteiro com tudo o que não sei nem terei tempo de saber - ainda que seja só para poder redizer. Para poder contar, para encher vazios com curiosodades e sabedorias.
Saboto a consciência fazendo nada.
Escrevo sobre coisa nenhuma, gasto tempo amando um muro em formato de afeto. Quebro a cara por escolha própria.
Posso me entrincheirar entre prazos e responsabilidades, mas é vivendo minuciosamente o que escapa, que exercito o existir entre o que ainda resta e o que já falta.
E deve ser depressa antes que não dê mais tempo ou quando não der mais tempo é bom porque não mais haverá pressa?
Tudo bobagem, mas é bom adormecer porque em
poucas horas o despertador toca - depois do meu despertar espontâneo - dizendo o que eu ja sei:
Levanta porque é outro dia.