A verdade das poesias
O bom de eu ser eu é que, apesar de estar quase sempre em baixo, algo que nem eu mesmo sei explicar, tenho o humor idiotizado sempre bem activo.
É que mesmo quando um terror me abraça, ao contrário de ser outrem a tentar animar-me, ainda sou eu mesmo a dizer besteiras. Talvez, sem perceber, o desânimo me tenha dado muitas lições de alegria, e hoje, mostrando ser eu um aluno assíduo, embora distraído, minha vida é uma comédia dramática.
O pior que pode acontecer em cenas como estas são os danos psicológicos. Mas como já lido com eles mesmo quando é dispensável, é de leve, totalmente.
Resta-me apenas recomeçar e continuar a fingir que não aconteceu nada de grave, pois eu sei que a única coisa que trará mudança nisso é pôr em mente que a vida continua.
E o maior exemplo de superação que posso ter é o meu. Porque eu, não sei como, mas vivi, mesmo quando minha alma morreu.
E o mais chato nessa perda toda são as outras perdas que me trazem como lembrança perdas que achava já ter esquecido mas agora tenho que redobrar o esforço de ocupar a mente para não pensar mais em nenhuma delas.
De tudo mesmo, o mais engraçado é saber que muitas dessas perdas podem ainda nem estar perto de acontecer. Como é duro, involuntariamente, perspectivar infortúnios!
Ninguém almeja um futuro sofrido, quando o presente já fala a língua dos jacarés. Vivo uma mudança de humor que não facilita a minha vida em sociedade, não creio muito na crença popular, isso porque a realidade tem mais cara feia do que sorrisos bem abertos.
É loucura, eu sei, mas prefiro então escrever, porque a mesma cabeça que planta em mim maus agouros não acredita em hospitais. Mata-me devagar.