As duas cartas de Lula
Em 22 de junho de 2002 Luiz Inácio Lula da Silva divulgou a “Carta ao Povo Brasileiro”. Foi um documento único na carreira política de Lula e incomum para qualquer político brasileiro. Nela o então candidato à Presidência da República faz um levantamento lúcido da realidade brasileira e conclama a união todo o país para superar as dificuldades e buscar o crescimento econômico e o equilíbrio social.
É perceptível naquela carta que Lula contava com assessoria de alto nível.
Em 19.07 Lula se manifestou através de um artigo do jornal Folha de São Paulo intitulado “Afaste de mim este cálice”.
Seu texto tem o estilo da “Creisi” Hoffmann e se inicia com uma pérola: “Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras. Aumenta o número de pessoas queimadas ao cozinhar com álcool devido ao preço alto do gás de cozinha para as famílias pobres. A pobreza cresce, e as perspectivas econômicas do país pioram a cada dia.”.
O artigo mostra um personagem perdido em divagações e vítima de sua própria pretensa arrogância. Está claro que ele não tem mais assessores gabaritados nem para redigirem um manifesto coerente.
Ele lamenta que, na “Semana passada, a juíza Carolina Lebbos decidiu que não posso dar entrevistas ou gravar vídeos como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, o maior deste país, que me indicou para ser seu candidato à Presidência. Parece que não bastou me prender. Querem me calar.”.
Lula se faz de besta para ignorar que foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado e que isso significa “ISOLAMENTO” e todos os condenados aceitam isso e outras coisas piores como fato legalmente natural.
Mas o recluso e seu partido nunca se preocuparam com fatos absurdos como o dos detidos sem julgamento que em junho de 2016 chegaram a 292 mil, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Lembrando Lula e seus sectários que esses detidos estão amontoados em celas, sem direito a visitas diárias de familiares, companheiros de partido, amigos, jornalistas, escritores, artistas e todo tipo de oportunistas e puxa-sacos e sobretudo, sem direito a um mínimo de dignidade e respeito.
Esse é o Sistema Judiciário e Prisional que o PT ajudou a manter com sua indiferença a tudo que não seja benefício próprio e se hoje Lula é vítima dele, como alegam ele e seus companheiros, não há o que lamentar.
O PT soube muito bem se apropriar de duas “qualidades” inerentes ao pensamento de esquerda, o cinismo e o jogo de palavras.
A carta atual de Lula mostra claramente o distanciamento que ele próprio provocou em relação a sua condição revelada na “Carta ao Povo Brasileiro” de 2002.
A coerência nunca foi o forte de Lula e mais uma vez ele demonstra isso.
Se naquela época, mesmo com alto índice de aceitação pela população, ele julgou necessária a união de todos, por que hoje na sua condição de condenado e alto índice de rejeição, ele se coloca como único caminho possível para a solução de nossos problemas?
E para completar sua demonstração de alienação, ele assina a carta com o título honorífico criado por seus sectários de “Ex-presidente”.