Por que dói dizer adeus?

Cada fase de vida que se encerra marca um pedaço da caminhada concluída e ao mesmo tempo, outro processo que se inicia. Finalizar uma fase significa dizer adeus para coisas - ou pessoas - que por muitos anos fizeram parte dos sentidos que damos à nossa existência.

Por que dói dizer adeus? Talvez uma parte do sofrer se relacione com os vazios que ficarão em nós quando a nova fase começar. É como entrar em um quarto que ficou mobiliado por muitos anos da mesma forma e agora só apresenta umas fotografias empoeiradas na imensidão do espaço vazio. E agora, a difícil tarefa: reaprender a mobiliar a nossa casa interior.

Se a "casa das lembranças" está em nós, é necessário lidar com esses cômodos empoeirados, desapegar do que ficou e mobiliá-los novamente, com novos sonhos e projetos de vida. Sim!! Precisamos de inventar um jeito de viver! Mas, por um longo tempo, a dor por não saber ao certo como se despedir das "velhas mobílias" estará presente. Sofremos, mas, apesar de toda dor, precisamos lutar e tentar nos resgatar de alguma maneira.

Para quem acompanha de perto, ver alguém que amamos em dores muito longas é extremamente angustiante. Não sabemos ao certo lidar com a dor que não mora na gente. Muitas vezes nossa vontade é a de que possa ser finalizada com cápsulas de felicidades encontradas em prateleiras, mas nos frustramos ao perceber que ela é mais complexa e a libertação exigida precisa começar de dentro para fora e não o contrário.

Continuamos nossa caminhada sem saber ao certo como cuidar do que mora na gente. Por vezes derramaremos lágrimas que lavarão um pouco da confusão que se encontra do lado de dentro e prosseguiremos na esperança de que a vista lá na frente do caminho valha a pena.

Caminhamos, na esperança de que ao caminhar, novos ventos levem de nós o que não conseguimos desapegar. Que os cômodos da nossa alma voltem a estar com cheiro de vida para prosseguirmos na missão de tentar a cada dia deixar a nossa casa interior linda e principalmente: de sermos felizes enquanto habitamos nela.

Lirlaine C Vaz
Enviado por Lirlaine C Vaz em 20/07/2018
Reeditado em 18/04/2019
Código do texto: T6394994
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