esse ai

Primeiro alguém acorda

seu desejo e o satisfaz á luz

das pedras, e você diz que ama,

sente que ama e todos a sua

volta são amáveis, tem-se um

doce vislumbre da eternidade,

sente feliz e o sol corresponde

a sua hora mais maternal. sente o perdão

até então imerecido, sem jogos

ou espaços, árvore frondosa

e folhas verdes que descansam

na verdade

percebe que fez muito barulho,

aquele corpo, com aquela fala

cheia de defeitos! como amar

tanta miséria? não! definitivamente

o amor ama o que amável esse

ai ou essa ai, não merecem ser amados.

e a vida segue, roda por entre

a memória e o desejo, descobrimos

que nunca amamos, não poderia,

não havia na alma mais que controle

e exigência, não falamos do terror

nem dos músculos impertigados,

não poderiamos amar, pensávamos

que amar é ser amado.