MEDOS CRUÉIS
Talvez apenas tenha me perdido no tempo, talvez já não haja mais amor aqui dentro ou apenas tento alimentar as sombras que insistem em me sugar.
E durante todos esses anos eu já nem sei mais quem sou, são tantos dissabores... e é dessa maneira que vai chegando de mansinho a solidão, o desespero e o medo de ficar só, medo de acordar e já ser tarde demais para tentar vivenciar os sonhos plantados dentro do meu ser.
Tenho medo de uma criança apertar o meu dedo e me chamar de mamãe ou até mesmo de uma criança me abraçar e me chamar de vovó ou mais ainda de não vivenciar esses fatos. São pensamentos frustrados e desesperadores.
Tenho medo de um dia não ter mais forças, dos meus ossos tornarem-se tão frágeis ao ponto de não conseguir me jogar de uma ponte para sentir a adrenalina correr em minhas veias, de não ser corajosa o suficiente em pegar uma mochila, sorrir e não saber a hora de voltar.
...Medo de não eternizar meus amigos em minha mente, de perdê-los para mim mesma e para o tempo.
São medos, medos cruéis que habitam o meu ser.