Áurea de criança
Às vezes dá uma vontade imensa de voltar ao passado para ter de volta todos aqueles momentos maravilhosos que tive na minha infância. Voltar à escola que me fez amar a leitura, recordar da alegria que era ir para a biblioteca, descobrir um universo ainda pouco explorado e maravilhosamente misterioso, do qual aos poucos me despertava para a vida, me transportava à um mundo de sonhos, em que havia perspectiva e que as pessoas não eram indiferentes. Certa vez uma frase começou a fazer sentido para mim "o tempo corrói", de fato, algumas coisas saciam a ganância do tempo, que digere a felicidade, a vontade de buscar os sonhos, o amor pueril de transportar-se ao mundo da imaginação... Só que algumas coisas resistem à voracidade corrosiva temporal... As lembranças, tudo que te faz reviver seus momentos pueris, em que você ainda engatinhava sedento pela vida que vivia nas linhas mágicas, de forma intensa, não com a dificuldade de hoje...
Nós crescemos e parece que os dias perderam o sentido de quando enxergávamos o mundo com os olhos de uma criança.. A nossa existência aparenta ser um enfado que carregamos. E a fugacidade pelo desconhecimento do amanhã nos faz correr em círculos, na espera de um fim que parece não chegar, não importando qual o fim que você quer... Nessa contemporaneidade triste, irresoluta, que pouco tenta entender o porquê dos existencialismos, os dias são monótonos, cansativos, desgastantes, dilaceradores. A reflexão, a autocrítica, a tentativa de se reconstruir, de reviver... Inexiste... E a vontade de ser criança, de enxergar o mundo de forma menos truncada e com um pouco de alegria, não é a regra... O que fazer? Relembre a sua infância. Se não foi tão boa... Seja criança pela primeira vez. Esqueça da idade ou da racionalidade ácida, o cerne agora é a esperança de um amanhã melhor... E pouco indiferente como o hoje.